Rotas Fluminenses: RJ-145 Rodovia Alberto Santos Dumont

Com o total de 108 quilômetros de extensão, a RJ-145 interliga o distrito de Passa Três, no município de Rio Claro, ao distrito de Manoel Duarte, em Rio das Flores.





Municípios percorridos:


  • Rio Claro: 6,5km
  • Piraí: 25,3km
  • Barra do Piraí: 28,6km
  • Valença: 29,9km
  • Rio das Flores: 17,7km


Trechos da RJ-145:


  • 1º trecho: Passa Três x Piraí
  • 2º trecho: Piraí x Valença
  • 3º trecho: Valença x Manuel Duarte




Seu primeiro trecho, tendo como ponto de partida o distrito de Passa Três em Rio Claro, começa no entroncamento desta rodovia com a RJ-139, conhecida como "antiga Rio-São Paulo", e segue até o Centro do município de Piraí.



No segundo trecho, que beira o lago formado pelas águas do Rio Piraí, que abastecem o sistema do Reservatório da Represa de Ribeirão das Lajes, pertencente à Light S.A., a rodovia segue até o Centro de Barra do Piraí.



Nos perímetros urbanos, recebe os nomes de Avenida Silas Pereira da Mota e Avenida Vereador Osmar Dias Ferreira, quando então prossegue, atravessando a rodovia Lúcio Meira (BR-393), até a cidade de Valença.



Em seu terceiro e último trecho, denomimado Rodovia Alberto Santos Dumont, parte de Valença até o distrito de Manuel Duarte, no município de Rio das Flores, após atravessar a sede deste, onde encontra a RJ-151 e no entroncamento com a RJ-133, há um posto da PRE e está no pacote de concessões de rodovia proposto pelo GERJ.



A estrada é vital para o crescimento da região, especialmente para a cidade de Valença, pois é o principal acesso ao município e recebe intenso tráfego de veículos por dia.



A estrada passa por áreas rurais e urbanas, onde existem fazendas de gado, produção de leite e oficinas de metalurgia, além de ser uma importante ligação para o estado de Minas Gerais.




  • 1º trecho: Passa Três x Piraí

No entroncamento das rodovias RJ-145 e 139, está o distrito de Passa Três, ao qual sempre teve sua economia voltada para a produção agropecuária e para a exploração de água mineral.

Pertenceu, até 1938, ao extinto município de São João Marcos, quando aquele passou a ser distrito de Rio Claro e foi, anos depois, inundado pelas águas da Represa de Ribeirão das Lajes.


Vila de São João Marcos - Foto: Reprodução da internet
Alcançou razoável desenvolvimento durante o tempo em que a atual RJ-139 era conhecida como "Rio-São Paulo", sendo a única rota rodoviária entre as principais metrópoles do país, á época. Com o passar do tempo e a abertura da rodovia Presidente Dutra, caiu de importância. Atualmente tem uma população de 3.038 habitantes (est. 2000), segundo dados da Prefeitura de Rio Claro.



O distrito de Passa Três (antiga Nossa Senhora da Conceição do Passa Três), pertenceu até 1938 ao município de São João Marcos, que foi despovoado e demolido em 1940 para a formação de uma represa para a produção de energia elétrica. Após a extinção do município de São João Marcos, todos os seus distritos passaram a fazer parte de Rio Claro.


Estudo para a ligação Passa-Três-Rio Claro. Nunca foi feita, mas abreviaria a distância Barra do Piraí-Angra dos Reis em mais de 100 quilômetros (O Estado de S. Paulo, 28/1/1931).
O tráfego comercial em Passa Três era intenso: muitas eram as estradas que atravessavam a localidade partindo de Angra dos Reis, Rio Claro, Mangaratiba, São João Marcos, Alto da Serra e de Arrozal.



A Estrada de Ferro Pirahyense, que contribuía para o transporte do café e de outros gêneros, chegou ao distrito em 1883 e, em 8 de julho do mesmo ano, foi inaugurada a Estação Ferroviária de Passa Três, hoje extinta.


A estação de Passa Três, em 1930. Acervo do Arquivo Histórico de Piraí
No centro urbano do distrito encontra-se a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, construída no século XIX, e também alguns casarões remanescentes. A poucos quilômetros do centro, localizam-se duas edificações construídas pelo comendador Joaquim José de Souza Breves:


  • Fazenda da Grama, que foi sede da administração de suas inúmeras outras fazendas;
  • Capela de São Joaquim da Grama, erguida em 1809.




Os Rodrigues Martins - procedentes da Ilha da Madeira-Portugal - alojaram-se em Passa Três no início do século XX e compraram muitas terras do outro lado do rio Piraí e colocaram o nome de Sítio São Gabriel. Hoje há uma ponte com esse nome ligando a BR-145 ao Sítio São Gabriel. Os Rodrigues Martins tiveram importante participação no desenvolvimento local com atividades agropecuária, sendo que Moisés Rodrigues Martins foi importante comerciante no local.


Fazenda de São Joaquim da Grama Estrada da Grama, a cerca de 2,5km da antiga Estrada Rio-São Paulo.
Erguida sobre muralhas, rodeada de jardins e pomares; imensa e majestosa. A Fazenda de São Joaquim da Grama serviu como sede de administração do império de Joaquim José de Souza Breves, o Rei do Café.
Foto: Reprodução da internet
Alguns deles foram para o Rio de Janeiro, como o Sr. Joaquim Rodrigues Martins que foi dono de quase todo o bairro do Encantado e hoje é lembrado porque a prefeitura do Rio de Janeiro o homenageou colocando o seu nome em uma das ruas do bairro: Rua Joaquim Martins que liga o bairro da Piedade ao bairro do Encantado.



A rodovia margeia por 43,9km o Rio Piraí até alcançar a sede do município de Barra do Piraí, onde este deságua no Rio Paraíba do Sul.

Após cruzamento rodoviário com a Rodovia Presidente Dutra, alcança-se a sede do município de Piraí.



O nome dado à cidade é uma referência ao Rio Piraí. A origem é indígena tupi que significa “rio dos peixes”.

A história de Piraí, da criação do povoado até a e elevação à condição de cidade não poderia estar desassociada do elemento religioso com os instrumentos de integração social utilizados pela Igreja Católica. Foi a partir da fundação da pequena capela de Santana, entre os anos de 1770 e 1772 que ocorreu o surgimento do povoado de Santana do Piraí. E vai ser em torno dessa estrutura religiosa que o povoado vai chegar à condição de freguesia e mais tarde, de cidade.



O apogeu adquirido a partir dos anos de 20 do século XIX com a produção cafeeira resultou na criação da Freguesia de Santana do Piraí que foi transformada em vila em 1837.



Região sede das mais ricas e produtivas fazendas do Brasil, a vila se torna cidade apenas em 1874 devido à força do poder local de seus grandes latifundiários que não queriam concorrer com o poder legalmente instituído. A queda na exportação do café já estava ocorrendo neste momento. O governo brasileiro cedeu às pressões inglesas e proibiu a vinda de escravos africanos para o Brasil em 1850.



Somado a isto, a utilização predatória do solo e a concorrência com o café produzido no Oeste Paulista nos mostra que a cultura cafeeira da cidade de Piraí e do Vale do Paraíba como um todo não vai suportar a passagem para o século XX.

Desta forma, a cafeicultura fluminense dá seus últimos suspiros, levando consigo a economia da cidade de Piraí e de várias outras cidades vizinhas.

Percorridos 6,5km em área rural do município de Rio Claro, alcança-se o limite com o município de Piraí após atravessar o Rio Bonito - afluente do Rio Piraí.


Parada da Bela Vista em 04/02/2005 - Foto: Ralph M. Giesbrecht
O limite está localizado há alguns metros do prédio da Estação Bela Vista, do Ramal de Passa Três.



A parada de Piraí foi inaugurada em 1884 pela E. F. Santana. Em 1889, a ferrovia passou a ser da V. F. Sapucaí. Tornaram-se o ramal de Passa-Três, que chegou a ser considerado parte da linha da Barra. Os trens que percorriam o trecho entre Barra do Piraí e Passa-Três eram composições diferentes, ou seja, havia uma espera de cerca de uma hora em Barra do Piraí para se mudar do trem que vinha de Soledade para se continuar viagem em outro trem até Piraí e Passa-Três.

No início dos anos 1940, a parada e o trecho Barra-Passa Três foram fechados pela RMV. A linha foi arrancada em 1944, segundo o relatório da RMV para esse ano.



A parada de Bela Vista foi conservada em pé e depois de anos de abandono foi reformada recentemente pela Quimvale Florestal, que ainda fica na Fazenda Bela Vista, proprietária da parada. O prédio era na verdade um armazém de mercadorias; como parada, não tinha chefe de estação, deveria ser de responsabilidade da fazenda; o trem somente parava ali se houvesse passageiros ou cargas a embarcar ou desembarcar.


A parada Bela Vista com a inscrição do Armazém da Nova Esperança
Foto: Acervo Arquivo Municipal de Piraí
Fica às margens da estrada que liga Piraí a Passa-Três, antigo leito da ferrovia que acompanha o Rio Piraí. Durante algum tempo, e depois de desativado e sem a ferrovia, o prédio se chamou "Armazém da Nova Esperança". A estação da Bela Vista tem esse nome por causa da antiga fazenda da Bela Vista, propriedade do 'Rei do Café' Joaquim José de Souza Breves ele mandou construir a estação. O nome Nova Esperança é do antigo armazém que abastecia os colonos e a vizinhança, sendo que aí também funcionou uma escola.



Já em território piraisense, as características da rodovia e do seu leito não mudam. Dentro da zona rural do município, permanece margeando o Rio Piraí em alguns trechos imprensada entre o rio e as montanhas, com poucas residências e entradas de grandes fazendas.



Ao aproximar-se da BR-116 Rodovia Presidente Dutra, começam a surgir algumas residências menos espaçadas umas das outras.

A falta de manutenção é visível em toda a sua extensão, com mato alto no acostamento e placas de sinalização escondidas. Os desmoronamentos são constantes em tempos cruvosos, onde a terra invade a estrada.



No Centro de Piraí, a rodovia passa ao lado do Terminal Rodoviário Thereza Bastos Muller, localizado onde originalmente existia a Estação Ferroviária de Piraí, demolida na década de 1940.


Linha Rio de Janeiro x Angra dos Reis (via Passa Três) - Local da foto: Terminal Rodoviário de Piraí


Com o fim da linha férrea, o ramal da Rede Mineira de Viação que ligava Passa-Três a Barra do Piraí foi desativado. Construir estradas de rodagem era o lema da época. Estrada é imperativo de progresso. "Governar é fazer estradas", dizia o Presidente Washington Luiz.



Reynato Frazão de Souza Breves, empreendedor e entusiasta da estrada de rodagem que substituiu o trem em Piraí, foi o primeiro a colocar em funcionamento uma linha de ônibus ligando Piraí a Barra do Piraí.


Viação Nossa Senhora Aparecida - Foto: Reprodução da Internet
Com seu irmão Humberto de Souza Breves (Filhinho) e o amigo Antonio Severiano Pereira, idealizaram uma linha de ônibus entre Piraí e Barra do Piraí em substituição a linha ferroviária que havia sido arrancada para construção da estrada de rodagem.



Compraram uma "jardineira". Bancos à semelhança dos bondes do Rio de Janeiro. Tudo aberto. Lonas em volta, ora enroladas ora esticadas, faziam as vezes de janelas. Era a "perua". Ligava também Piraí a Passa-Três. No tempo das chuvas, era máxima penitência. Mais atolava que andava. Com correntes nas rodas para enfrentarem os atoleiros, haviam muitos queixumes e reclamações,todos lamentavam a falta do trem.



Os três valentes: Reynato, Humberto e Antonio formam então uma sociedade - a Viação Nossa Senhora Aparecida. Alguns anos depois a sociedade foi desfeita e ocorreu uma divisão:

Reynato ficou com a linha de Barra do Piraí ao Rio de Janeiro;
Humberto (Filinho) ficou com a linha de Barra do Piraí, Volta Redonda, Barra Mansa.



Antonio ficou com a linha Piraí-Barra do Piraí que era composta de duas jardineiras de madeira. Em 1952 a linha foi vendida para a família de Chiquinho Soares.



Denominada de Viação Progresso pelos irmãos Soares nascia ali a verdadeira vocação daquela família, que nove anos mais tarde iria vender a padaria e dedicar todos os esforços e investimentos na Viação Progresso. 


Foto: Acervo Viação Progresso
Dos oito filhos de Sr. Chiquinho, três permaneceram na sociedade Arlindo Hélio e Paulo e, hoje, suas três famílias são proprietárias da empresa que se dedica em profissionalizar a gestão sem perder os principais valores transmitidos pelo casal Chiquinho e Joanna: simplicidade de vida, trabalho duro e fé em Deus.



Em 1954, a empresa conquistava concessão do DER-RJ para operar na linha Vassouras – Barra do Piraí. E, em 1958, sua sede foi transferida para Barra do Piraí/RJ, onde permaneceu até 1975.



Com a morte de Reynato Breves em 28 de outubro de 1965 próximo ao Rio de Janeiro, num acidente de carro em Nova Iguaçú, a empresa entra num longo processo de inventário.


A Viação Barra do Piraí Ltda. passa a investir em turismo, denominando-se Viação Barra do Piraí e Turismo Ltda. Mais tarde, a empresa é vendida para a empresa Normandy.




  • 2º trecho: Piraí x Valença

Passando o Centro de Piraí, a rodovia percorre 14km até o limite com o município de Barra do Piraí, em trecho também pertencente inicialmente ao Ramal de Passa Três da Estrada de Ferro Pirahyense.

Nesse trecho, a rodovia possui um posto do Batalhão de Polícia Rodoviária no bairro Rosa Machado, no entroncamento com a Rodovia RJ-133.



Inaugurado no dia 28 de novembro de 2003, o 22º Posto de Polícia Rodoviária Estadual, BPRV – sendo subordinado à 3ª CIA - Região Sul Fluminense, com sede em Seropédica. A 3ª CIA é responsável pelo policiamento das rodovias situadas em parte da Região Metropolitana, Sul do Estado e a Região do Médio Paraíba.


22º BPRv - Rosa Machado / Piraí - Foto: Reprodução da internet
As rodovias patrulhadas por esta Companhia atravessam 30 (trinta) municípios, sendo estes: 

Angra dos Reis, Barra do Piraí, Barra Mansa, Belford Roxo, Comendador Levi Gasparian, Duque de Caxias, Engenheiro Paulo de Frontin, Itaguaí, Itatiaia, Japeri, Mangaratiba, Mendes, Miguel Pereira, Nilópolis, Nova Iguaçu, Paraty, Piraí, Paty do Alferes, Paracambi, Paraíba do Sul, Quatis, Queimados, Resende, Rio Claro, Rio das Flores, São João de Meriti, Seropédica, Volta Redonda, Vassouras, Valença.



Os postos de policiamento da 3º CIA estão localizadios em:

Posto 07: Lídice - Rio Claro
Posto 08: Arcádia - Miguel Pereira
Posto 21: Piranema - Seropédica
Posto 22: Rosa Machado – Piraí
Posto 24: Paracambi
Posto 25: Engenheiro Paulo de Frontin

Já proximo ao limite com o município de Barra do Piraí, chega-se ao bairro Chalet. No Chalet está localizado o resercatório onde se juntam as águas do Rio Piraí e Paraíba do Sul para a geração de energia elétrica nas usinas de Fontes, em Piraí.



Essa possibilidade, deu-se em 1952, quando após a Light instalar seus escritórios no município de Barra do Piraí, passou a dirigir dali suas atividades nos municípios vizinhos, construindo-se então uma barragem no rio Paraíba do Sul e uma usina elevatória, que, por meio de um túnel, leva as águas do Paraíba para o reservatório no bairro Chalet, município de Piraí.





Após o Chalet, chega-se em Santana da Barra, no município de Barra do Piraí. Nesse ponto, encontra-se a Estrada de Ferro Central do Brasil, atualmente operada pela MRS Logística. No local, encontrava-se esta ferrovia com o Ramal de Passa Três. Ao lado da rodovia ainda é possível notar a Estação de Sant'Anna, inaugurada em 1864, tomando o nome de antiga fazenda do local.


O viaduto original, em pedra no cruzamento da RMV com a EFCB. Vê-se acima um auto de linha da RMV. Anos 1930. Neste ponto a linha foi desativada em 1942 (Autor desconhecido).
Nos anos 1940 a estaçaõ teve o nome alterado para Santanésia, e logo depois para Santana da Barra. Ali se encontravam a Linha do Centro e a Linha da Barra, esta da Rede Mineira de Viação e que ligava Soledade de Minas a Passa-Três, na serra fluminense.



O trecho entre Barra do Piraí e Passa-Três foi suprimido entre 1942 e 1944. Cada linha tinha sua estação; a da RMV, pequena, ficaria espremida entre a linha e o rio Piraí, logo à entrada da cidade para quem vinha do Rio de Janeiro pela Linha do Centro.

Do lado oposto do Rio Piraí, está localizado o distrito piraiense de Santanésia. O distrito faz fronteiras com os bairros Chalet, Parque Santana e Ponte Vermelha que estão localizados no município vizinho de Barra do Piraí, além de Querozene e Fazendinha em Piraí.



O distrito foi criado através do decreto-lei estadual nº 1055, de 31-12-1943, sendo anexado ao município de Piraí.



Naquele ano, o Estado do Rio de Janeiro era administrado pelo interventor Alfredo da Silva Neves, presidente do Conselho Administrativo do Estado do Rio de Janeiro, tendo chegado a governá-lo no ano de 1939, quando o então interventor federal do Estado, Ernani do Amaral Peixoto se licenciou do cargo de interventor para atuar na aproximação do Brasil aos países Aliados.

Já em Barra do Piraí, a rodovia denominada Avenida Miguel Couto Filho, percorre à zona urbana de diversos bairros até chegar à sede do município. No bairro Ponte do Andrade, a rodovia atravessa o viaduto de 12m sobre a Estrada de Ferro Central do Brasil. O bairro possui esse nome devido à existência de uma outra ponte. A Ponte ferroviária com 61,1m sobre o Rio Piraí com o nome Ponte do Andrade, em homenagem Antônio Negreiros de Andrade Pinto, um dos diretores da ferrovia.



No bairro do Maracanã, a rodovia RJ-145 recebe o nome de Rua Paulo Fernandes. No bairro da Muqueca, denomina-se Avenida Prefeito Arthur da Costa, mantendo-se até o Centro do município. No Centro recebe o nome de Rua Franklin de Moraes e posteriormente Avenida Prefeito Roberto Bichara.



Na travessia da ponte sobre o Rio Paraíba do Sul, a rodovia se despede do Rio Piraí, ao qual acompanhou o seu leito desde o seu incício em Passa Três. Nesse ponto passa a se chamar Rodovia das Trovas, dividindo o leito com a RJ-137 até o trevo de Belvedere, onde cruzam a BR-393 Rodovia Lúcio Meira.



A primeira notícia que temos de nosso município é de 1843, com a compra de um sítio na foz do rio Piraí, denominado Barra do Piraí, por Antônio Gonçalves de Moraes, também dono da fazenda São João da Prosperidade, em Ipiabas, hoje distrito de Barra do Piraí, que, na época, era onde se produzia o café.



Dez anos depois, o dono do sítio construiu uma ponte sobre o rio Piraí e, assim, teve início o povoado de São Benedito, em terras do município de Piraí. Já em 1864, com a chegada da estrada de ferro D. Pedro II, construída para levar a produção cafeeira do Vale do Paraíba para o Rio de Janeiro, o povoado de São Benedito recebeu um grande incentivo para seu desenvolvimento. Assim, o povoado cresceu e tornou-se o centro do comércio do café da região.

Estabelecimentos comerciais foram criados, armazéns de café recebiam o produto de várias cidades e, daqui, enviavam para o Rio de Janeiro.



As tropas de mulas traziam o café de longas distâncias, agora para a cidade de Barra do Piraí, e muitas vezes era usada a navegação pelos rios, pois no rio Paraíba os barcos navegavam desde o Tombo do Paraíba (Cachoeira do Funil, em Resende) até Barra do Piraí, sendo o rio Piraí também navegável.



Com a construção dos ramais da estrada de ferro para São Paulo e Minas Gerais, diminuiu-se o movimento de exportação do café. Porém, Barra do Piraí continuou sendo um grande entroncamento ferroviário, onde os viajantes faziam baldeação e, muitas vezes, pernoitavam. Daí a existência de um Hotel da Estação, muito movimentado na época.



Em 1881, foi criada a estrada de ferro Santa Izabel do Rio Preto, depois chamada de estrada de ferro de Sapucay, Rede Sul Mineira e, finalmente, Rede Mineira de Viação, e construiu uma ponte sobre o rio Paraíba (ponte metálica), para passagem dos trens e depois de pedestres. No ano de 1879, foi criada a estrada de ferro Piraiense ligando o povoado de Barra do Piraí à sede do município que, na época, era Piraí.


Ponte Presidente Getúlio Vargas - Foto: Reprodução da internet
Com essas três estradas de ferro e um crescente comércio, Barra do Piraí passou a ser o centro econômico do Vale do Paraíba, porém, continuou como povoado, pertencendo a dois municípios. Somente em 1885 foi criada a freguesia de São Benedito de Barra do Piraí.

Elevado a categoria de município em denominação de Barra do Piraí, pelos decretos nºs 50, de 19 de fevereiro de 1890 e 59, de 10 de março de 1890, desmembrado dos municípios de Piraí, Vassouras e Valença.



O município foi Instalado em 18 de março de1890 e constituído pelo Distrito Sede na vila de Barra do Piraí e os distritos de:

Dores do Pirahi (Piraí)

Ipiabas (Valença)
Mendes (Vassouras)
Turvo (Valença)
Vargem Alegre (Piraí)

O Terminal Rodoviário de Barra do Piraí, Inaugurado sob o nome oficial de Terminal Rodoviário Roberto Silveira, foi construído no mesmo lugar da antiga estação ferroviária da Estrada de Ferro Pirahyense.


Terminal Rodoviário Governador Roberto Silveira - Foto: Reprodução da internet


A partir do trevo, passa a chamar-se Rodovia Barra do Piraí-Valença, antiga Rodovia Benjamin Ielpo. Nesse trecho, percorre na zona rural dos municípios de Barra do Piraí e Valença, tendo a sua extensão predominada por grandes fazendas e áreas verdes.



No bairro do Esteves há a instersecção com a RJ-143 Rodovia dos Seresteiros, rodovia que liga a sede do município de Quatis ao distrito valenciano de Barão de Juparanã. As duas roddovias seguem em leito compartilhado por 0,5km.

A partir desse bairro, a rodovia segue pelo caminho já percorrido pela Estrada de Ferro Valenciana. Havia no local a estação de Esteves, aberta em 1871 pela antiga E. F. União Valenciana. O nome provinha do dono da fazenda Santo Antonio do Paiol, junto à linha, Coronel Francisco Martins Esteves. O rio próximo também se chamava Esteves. A estação foi desativada em 1970 com o fim da operação no ramal.


Viaduto da RJ-145 Rodovia Barra do Piraí-Valença sobre a Rua Antônio Aleixo - Foto: Paulo Henrique Nobre
Já em terras valencianas, a rodovia passa entre os bairros do Canteiro e da Varginha. No local há um viaduto de 47,5m de comprimento sobre a Rua Antônio Aleixo - rua que interliga os dois bairros localizados no km70 da rodovia.



Em 2016, após as obras de manutenção da RJ-145, a estrada estadual ganhou 8km de ciclovia compartilhada com o acostamento, que liga o Centro de Valença ao pólo industrial da cidade.



No bairro Chacrinha, inicia-se o perímetro Urbano do Centro de Valença, e em alguns metros, alcança-se a sede do município, onde está localizado o terminal Rodoviário de Valença.

O prédio da atual rodoviária foi inaugurado como Estação Ferroviária em 1914 pelo presidente Hermes da Fonseca, pelo ministro da Viação Paulo de Frontin e o construtor, autor do estação e do conjunto de oficinas da Central próximas, o italiano Antonio Jannuzzi.


Estação de Valença no dia de sua inauguração e também da linha do ramal de Jacutinga
Foto: Illustração Brasileira, 1/6/1914
Estas obras marcavam a encampação da antiga União Valenciana pela Central, fato que se dera em 1910, por intermédio do presidente Nilo Peçanha.


Terminal Rodoviário Princesa da Serra - Valença/RJ - Foto: Jorge A. Ferreira
A partir dos anos 1940, a estação passou a ser chamada de Marquês de Valença, até sua desativação, em 1973, quando todo o trecho foi extinto e a estação, fechada. Em 1974, foi transformada em estação rodoviária, com o nome de Princesa da Serra.








  • 3º trecho: Valença x Manuel Duarte

No Jardim Valença, há o entroncamento com a RJ-147 Estrada Valença-Pentágna, que liga a sede de Valença aos distritos de Pentágna e Parapeúna. A RJ-145 Estrada Valença-Rio das Flores segue em direção à Biquinha. A região é predominada por morros de baixa altitude e chapadas, passando a RJ-145 por fora do bairro da Biquinha, onde a estrada é denominada Estrada do Contorno.

O acesso à Biquinha e à Cambota se dá principalmente através da Avenida Doutor Osiris de Paiva Souza, que percorre o leito original do Ramal de Afonso Arinos. No bairro da Cambota, havia a Estação Engenheiro Dunham em frente a Fazenda Santa Rosa.



Chegando no município de Rio das Flores, está o distrito de Taboas. O distrito é assim denominado, devido à abundância da planta Taboa (Typha domingensis) na região.



No distrito também está o entroncamento com a RJ-115. Uma rodovia planejada ligará a RJ-085 no distrito caxiense de Xerém à RJ-145 em Taboas, apercorrendo os municípios de Nova Iguaçu, Miguel Pereira, Vassouras, Valença e Rio das Flores.
A partir dali, são 7,6km até a sede rioflorense. O caminho predominantemente verde é marcado por muitas árvores às margens da rodovia e entradas de grandes sítios e fazendas, muitas delas preservadas dos tempos áureos do cultivo do café na região.

O território do atual município de Rio das Flores começou a ser colonizado intensamente a partir do século XIX, durante o Ciclo do Café. Em 1851, construiu-se uma capela dedicada a Santa Teresa, instituindo a Freguesia de Santa Teresa de Valença, então distrito de Marquês de Valença.



A região começou a enriquecer muito com as lavouras de café, ao ponto de, em 1882, ser inaugurada a estação da Estrada de Ferro Rio das Flores e, em 1890, se emancipar do município de Valença, tornando-se a Vila de Santa Teresa. 



Devido à Lei Áurea e à crise econômica do primeiro ciclo cafeicultor, a cidade foi entrando em declínio, sofrendo acentuado êxodo e gradual câmbio do foco produtor para o setor pastoril. Em 1929, a vila foi elevada à condição de cidade (decreto que foi assinado por João Simões) e, em 1943, passou a se chamar "cidade de Rio das Flores". Atualmente, tem a sua economia baseada na agropecuária e no turismo.



No Centro do município, a rodovia tem a interseção com a RJ-135, rodovia que liga a sede do município à BR-393 Rodovia Lúcio Meira no distrito vassourense de Andrade Pinto atendendo ao distrito rioflorense de Abarracamento.
Após o Vale do Sol, a rodovia volta à Zona Rural, onde percorrerá 10km até a sede do distrito de Manuel Duarte, no entroncamento com a RJ-151 às margens do Rio Preto.


Ponte que liga a localidade de Manuel Duarte, em lado fluminense, à cidade de Porto das Flores, do lado mineiro, sobre o rio Preto. Foto: Acervo Arquivo Público Mineiro

Depois de percorrer cerca de 10 km, a pista desemboca numa grande reta, marcada à esquerda por uma antiga estação de trem, em tijolos maciços, que serve como portada da Fazenda Flores do Paraízo. Cerca de 1 km à frente, alcança-se um trevo onde há uma parada de ônibus ao centro.



Neste ponto termina a rodovia RJ-145, no entroncamento com outra rodovia estadual, a RJ-151. Poucos metros à frente, separadas pelo rio Preto, estão as localidades mineira e fluminense de Porto das Flores e Manuel Duarte, respectivamente.


Fazenda Flores do Paraízo

O rio Preto, além de valorizar a paisagem característica da região, com seus morros meia laranja recobertos por pastagens ralas, é a divisa entre os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. É possível avistar ao longe o renque de palmeiras imperiais, principal referência visual da Fazenda da Loanda, cujo trecho final de estrada se inicia neste entroncamento de rodovias, seguindo em caminho de terra por quase 1 km.



Conforme se avança, a altivez das palmeiras atrai cada vez mais a atenção. Nesse percurso, existem duas pontes de concreto e a última delas marca o inicio das terras da fazenda.


Fazenda da Loanda em Manuel Duarte - Foto: Instituto Cidade Viva
Neste ponto, o Rio das Flores deságua no Rio Preto, sendo que suas margens planas se estendem em descampados. Cerca de 200 metros à frente, chega-se à bifurcação que leva à sua sede, onde um tanque de pedra revela o inicio do sítio histórico da fazenda.

A água deste tanque segue em direção ao lado oposto da estrada, por meio de uma canaleta que termina próxima a uma edificação em tijolos maciços com data de 1927 hoje utilizada para ordenha leiteira.



O acesso primitivo ao distrito, que já se chamou Porto das Flores era realizado através de um porto de atracamento de barcas no núcleo urbano na parte mineira (Porto das Flores), oriundo do porto de atracamento de barcas, que fora a primeira forma de transposição entre as províncias.



Situado a poucas centenas de metros do local onde João Pedro Maynard escolheu para construir a Fazenda da Loanda, iniciando o desenvolvimento do lado fluminense, atual Manuel Duarte.

O distrito foi criado no dia 3 de junho de 1892, através do decreto de nº 1, com o nome de Porto das Flores. Em 1943, através do decreto-lei estadual nº 1056, de 31 de dezembro de 1943, o distrito de Porto das Flores passou a denominar-se Manuel Duarte.



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