Cidades do Passado: São Francisco de Paula

São Francisco de Paula localiza-se dentro dos limites do distrito de Visconde de Imbé, no município serrano de Trajano de Moraes. Seu acesso é feito pelo km 102 da RJ-116, para quem vem do Rio de Janeiro, tem-se acesso à direita à RJ-146, estrada asfaltada que liga Bom Jardim a Visconde do Imbé, em Trajano de Moraes. Nessa rodovia, em seu km 40, encontra-se, à esquerda, a localidade de Barra dos Passos, após a qual, tomando-se o caminho ensaibrado para a São Francisco de Paula, percorre-se cerca de 4km.




A povoação da região de São Francisco de Paula começou por volta de 1801, por plantadores de café e de cereais, nos arredores do que aos 27 de maio de 1840 foi, pela Lei provincial 218, da mesma dada, reconhecida como Curato de São Francisco de Paula, localizado no alto de uma montanha. Aos 20 de maio de 1846 o Curato de São Francisco de Paula foi, pela Lei Provincial 400, elevado à condição de freguesia (Freguesia de São Francisco de Paula).



No dia 3 de novembro de 1888 a família BERTAZZONI, que no Brasil adotou o nome de BARDASSON, embarcou no Porto de Genova, Itália, rumo ao Brasil. A chegada deu-se no Porto do Rio de Janeiro. Chegando à cidade do Rio de Janeiro, Giuseppe Bertazzoni e sua família despacharam seus pertencem para o Estado de Minas Gerais, mas acabaram embarcando no trem errado.
Deveriam pegar o trem para Minas Gerais, para onde se destinavam desde o embarque na Itália e para onde foi despachada a bagagem, mas pegaram um trem que fazia seu ponto final na cidade de Macuco, Estado do Rio de Janeiro.


Vista panorâmica - Estrada Visconde de Imbé-São Francisco de Paula (via Bairro do Pinheiro)

A família Bertazzoni foi obrigada a descer em Macuco por ali permaneceu, jamais tendo chegado a seu destino inicial e tampouco recuperado os seus pertences. Ficaram em Macuco por um pequeno período, trabalhando na Fazenda Val de Palmas, de propriedade do Conselheiro Paulino Soares de Sousa.

Depois se mudaram para várias localidades na mesma região, tais como a Fazenda Vargêa, no Distrito de Euclidelândia, distrito de Cantagalo, a Fazenda Castelo, em Santa Maria Madalena, a Fazenda Monte Verde, em São Sebastião do Alto, no distrito de Conselheiro Paulino (município de Nova Friburgo), até fixarem residência definitiva no Distrito de Visconde de Imbé, então Município de São Francisco de Paula, atual Trajano de Morais, onde moraram e trabalharam em várias fazendas, como por exemplo, dos Passos, São Caetano, São Bento e da Bonança.



O município foi elevado à categoria de Freguesia, graças à influência de José Antônio de Morais, rico proprietário nascido no Vale do Imbé e proprietário da Fazenda Aurora, em 1846. Ao mesmo tempo, terras de outro rico fazendeiro foram cedidas para a implantação da área urbana da cidade. Dessa forma foi feita a construção da Matriz de São Francisco de Paula, com recurso dos irmãos fazendeiros José Antônio e Elias de Morais.

São Francisco de Paula, que pertencera originariamente ao Município de Cantagalo incorporou-se ao de Santa Maria Madalena, pela Lei Provincial 1208, de 24 de outubro de 1861, situação esta que perdurou até março de 1891. Em 1891, São Francisco de Paula foi transformado em município, pelo Decreto nº 178, de 12 de março de 1891, do então Governador do Estado do Rio de Janeiro, Francisco Portella e instalado com a presença de autoridades e nobreza da região aos 25 de abril de 1891, conforme deliberação datada de 13 de abril de 1891. Pelo Decreto Estadual n.º 1-A, de 03 de junho de 1892, é criado o distrito de Ventania e anexado ao município de São Francisco de Paula.


Av. João de Moraes Martins - Estação Ferroviária Visconde de Imbé - 1961 - Foto: AMAVI

A era das estradas de ferro Entre 1874 e 1875 foi construída a estrada de ferro Macaé e Campos. No povoado de Santa Fé de Macabu foi construída uma estação denominada Entroncamento (mais tarde Conde de Araruama). Do entroncamento, em 1879, partiu o Ramal de Santa Maria Madalena, concluído em 1890. No trajeto, foi inaugurada em 1891 uma estação na localidade de Ventania.

Dessa estação partiria em 1896 um ramal para Manuel de Morais (no extremo oeste de Madalena) que, no trajeto, inauguraria uma estação em Aurora (depois Visconde do Imbé). Curioso notar que as estações traziam nomes diferentes das localidades que, no futuro, acabariam por adotá-los. Vale mencionar que Trajano de Morais era filho de José Antonio de Morais, o Visconde de Imbé.


Lotação (Bacurau) em 1970 - Linha: Trevo de Manoel de Moraes - Visconde de Imbé - Foto: AMAVI


Por razões técnicas, ou talvez por artes políticas, o traçado desse último ramal passou ao largo de São Francisco de Paula, cuja economia sentiu a concorrência de Aurora e Ventania que teriam grande desenvolvimento com as estações neles instaladas.

Para atender a interesses políticos, a sede do município foi transferida, por força da Lei 1234, de 18 de janeiro de 1915, à Estação de Ventania e para o Distrito de Visconde de Imbé, no dia 18 de novembro de 1919, por força da Lei 1633, passando a funcionar num lugar denominado Aurora.

 

São Francisco de Paula em 1920 - Foto: AMAVI

No dia 27 de dezembro de 1923 a sede do Município de São Francisco de Paula foi transferida novamente para o lugar denominado Ventania (Estação de Trajano de Morais), por força da Lei 1790. No dia 27 de dezembro de 1929 por força da lei Uniformizadora 2.335 foi elevada à condição de cidade e sede de município e no dia 31 de março de 1938 teve o seu topônimo alterado para Trajano de Morais, nome que ainda se mantém.

Trajano de Morais, filho do Visconde de Imbé (José Antônio de Morais), tornou-se uma figura influente de seu tempo, principalmente por seu espírito dinâmico e seu caráter empreendedor. Faleceu em 1911 e o reconhecimento por seus esforços em prol do desenvolvimento da região chegaria anos mais tarde, em 1938, quando o município de São Francisco de Paula teve seu nome mudado para Trajano de Morais, em homenagem a um homem que amou sua terra profundamente.



Com a transferência da sede do município de 
São Francisco de Sá, no local da antiga cidade, no alto de uma montanha, manteve-se uma pequena comunidade, onde restam, no meio de um vasto espaço aberto, somente o cemitério, a igreja (de 1863), que está em ruínas, uma alameda margeada por árvores, um cemitério do mesmo nome e uma capela.

Hoje, suas terras pertencem ao Distrito de Visconde de Imbé. Nos seus áureos tempos, porém, além do que hoje ainda existe, ali havia várias construções imponentes onde funcionavam comércios, hotel de luxo, câmara, prefeitura e forum.




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