As planícies das baixadas são formadas de sedimentos, ou seja, materiais transportados pelos rios – argila – ou pelo mar e pelo vento – areia. A argila formou uma faixa de terra hoje coberta pelo mar. Mais tarde, as grandes massas de gelo continental derreteram e o nível dos oceanos subiu, permitindo que as águas batessem diretamente nas rochas, desgastando-as. Grandes quantidades de sedimentos foram sendo depositadas sobre os terrenos argilosos, até formarem as faixas ou cordões de areia, desde a serra até o mar.
Em algumas áreas, ocorreu a formação de restingas que correspondem a faixas de areia depositadas pelo mar ao longo da costa, separando um “mar interno” do grande mar externo. Muitas vezes o mar interno se transforma numa lagoa. As restingas constituem os aspectos mais típicos do litoral fluminense e dão lugar a uma paisagem característica de lagoas – antigas baías – fechadas por areia. Assim se formaram as lagoas Feia, Araruama, Saquarema e Maricá. Essas lagoas ficam separadas do mar pelas restingas.
Toda a baixada é cortada por inúmeros rios, de modo geral oriundos das escarpas da serra do Mar. Esses rios, ao chegarem à planície da baixada, mudam completamente de aspecto. Enquanto descem pelos terrenos inclinados das escarpas da serra, suas águas são cristalinas, pois eles avançam sobre a rocha e correm com grande velocidade, transportando cascalhos e pedras de tamanho grande.
Quando alcançam a planície, não há mais declividade e os rios correm lentamente, só transportando sedimentos muito finos como argila, restos vegetais, limos, que vão se depositando em seu leito. Por essa razão, na planície, o fundo dos rios, em vez de pedregoso, é lodoso. Esse lodo, assim como a própria água, é carregado de húmus do solo das florestas. Se esse rio passa por uma região mais baixa, como uma antiga lagoa junto ao mar, a mistura com o sal produz a coagulação e a precipitação desse material fértil. Assim se formará um sedimento muito nutritivo, porém mole como um mingau, que chega a ter dezenas de metros de profundidade. Nesses terrenos, cresce o manguezal onde, graças à riqueza em nutrientes, se desenvolvem camarões, tainhas, lagostas, mariscos. A fauna do manguezal é muito variada, mas os animais característicos dessas regiões são os diversos tipos de caranguejos ali encontrados.
No estado do Rio de Janeiro há a predominância da metrópole carioca, de onde partem eixos de urbanização para outras áreas. Pode ser identificado um eixo urbano litorâneo centrado na Região dos Lagos, que vai da região metropolitana do Rio de Janeiro até Macaé.
Todos os municípios dessa área já apresentam um elevado índice de urbanização, devido às constantes melhorias nas comunicações – construção de novas rodovias, aeroportos etc. Os principais elementos do dinamismo dessa área foram o turismo, a reativação da pesca e da maricultura, algumas indústrias e, em grande parte, a exploração de petróleo na plataforma continental. Até essas atividades se organizarem ou se reorganizarem, como é o caso da pesca, as baixadas litorâneas viveram algumas décadas de baixo nível de crescimento econômico que acabou se revertendo em condições de vida pouco favoráveis, o que não significa que as novas atividades tenham efetivamente dado mais benefícios à população, em geral.
Na regionalização turística do estado, adotada pela Turisrio, as baixadas litorâneas correspondem, em sua maior parte, à Costa do Sol, que inclui Maricá, Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Búzios e Iguaba Grande. Cabo Frio é o centro turístico mais importante.
Os municípios de Búzios e Arraial do Cabo, que se emanciparam recentemente, assim como São Pedro da Aldeia e Saquarema, possuem, além das praias, uma arquitetura colonial significativa, herança do período colonial brasileiro, quando a região era explorada economicamente com a pecuária, a agricultura e a pesca.
Na cidade de Araruama são encontradas as reservas de salinas (ou seja, uma área de concentração de sais dissolvidos, presentes em águas interiores, como é o caso das lagoas) existentes no estado do Rio de Janeiro. As salinas de Araruama abasteciam a Companhia Nacional de Álcalis – situada no município de Arraial do Cabo (localizado a poucos quilômetros de Araruama).
A Álcalis foi fruto de investimentos federais feitos nas décadas de 1950 e 1960, mas a indústria salineira fluminense, que já teve grande representatividade na atividade industrial do estado, encontrou forte concorrência na indústria salineira nordestina e vem diminuindo sua participação no total da produção do país. Essa freada na produção provocou inúmeros desempregos na região e tem diminuído cada vez mais a participação industrial regional no setor.
No século XIX, grande parte da população de Cabo Frio se dedicava à pesca. Com a indústria do sal veio também a possibilidade da salga do peixe e da exportação do mesmo. A libertação dos escravos e o declínio da agricultura transferiram muitos negros para a pesca, aumentando a quantidade de mão-de-obra utilizada nessa atividade. A pescaria avançou tanto que no início do século XX a cidade já possuía até algumas fábricas de conservas de camarão.
Atualmente, são várias as modalidades de pesca realizadas nessa parte da costa. A pesca interior é realizada na lagoa de Araruama, onde ocorre também a aqüicultura, ou seja, a criação de peixe e camarão no ambiente aquático. Essa lagoa tem recebido poluentes, principalmente esgoto in natura despejado em suas águas, já que os municípios situados às suas margens como Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia e Cabo Frio possuem uma rede de tratamento de esgoto insuficiente para o grande número de habitantes da região. Como se sabe, o crescimento populacional apresenta índices elevados na região onde se desenvolve o turismo. Os resultados desse crescimento são catastrófi cos para quem sobrevive das atividades ligadas aos ambientes aquáticos.
A pesca de subsistência, praticada pela classe mais desfavorecida ainda em moldes artesanais, com embarcações de pequeno porte que retiram o pescado do mar e comercializam o produto com as firmas instaladas na área ou diretamente com a população, é a que mais tem sofrido com a concorrência das grandes empresas pesqueiras, como a empresa Brás Fish, que possui capital binacional. A pesca modernizada gera empregos e propicia interações que ligam a produção de pescado em Cabo Frio até mesmo ao mercado estrangeiro, através das exportações.
Entretanto, grande parte da população local não consegue se integrar nessa modalidade de pesca (que exige altos investimentos), nem nas atividades ligadas ao turismo. Muitos pescadores ficam assim excluídos das atividades econômicas mais importantes desses municípios e acabam se deslocando para as áreas mais periféricas dos municípios costeiros, onde se encontra uma parte marginalizada da população desses municípios que foram “invadidos” pelas novas explorações.
Em Rio das Ostras, já se sente o reflexo do crescimento de Macaé, com a ampliação do mercado imobiliário – e, consequentemente, do comércio e serviços –, já que é crescente o número de moradores de Rio das Ostras que trabalham em Macaé.
Pátio da Fazenda União para o carregamento de dormentes. Rocha Leão apresenta um clima ameno e com ventos relativamente fortes. Sua sede é cercada pela Reserva Biológica União e pelas serras do Pote, da Careta e do Segredo. Na segunda metade do século XVIII, as terras da região pertenciam em sua maior porção ao Distrito da Cidade de N. S. da Assunção de Cabo Frio, com pequena parte localizada na Freguesia de N. S. das Neves e Santa Rita da Aldeia de Macaé. Em 04 de novembro de 1888 era inaugurada a ligação ferroviária entre Rio Bonito e Macaé, com a estação da União passando a denominar-se Rocha Leão, em homenagem a Antônio da Rocha Fernandes Leão, advogado, fazendeiro e político, foi Presidente da Província do Rio de Janeiro de 1886 a 1888, e esteve acompanhando os trabalhos das estações do trecho Poço das Antas-Indaiassú-União. Após a queda do preço do café, no final dos anos 20 do século XX, a Fazenda União passa a ter como atividade principal o fornecimento de lenha à Leopoldina Railway. |