Caminhos Industriais: Região Norte - Cidades dos canaviais e da bacia petrolífera

A região da baixada campista corresponde à porção nordeste do estado do Rio de Janeiro, constituindo a parte setentrional da baixada fluminense. Recebe também a denominação de Norte Fluminense. Atualmente essa região é formada por nove municípios: Campos dos Goitacases, Cardoso Moreira, São Francisco de Itabapoana, São Fidélis, São João da Barra, Quissamã, Carapebus, Conceição de Macabu e Macaé.

A Estrada da Rodagem foi inaugurada em janeiro de 1926 pelo então Presidente da Província, Feliciano Sodré. Liga São Simão em Carapebus à Carmo, no município de Quissamã atendendo à Zona Rural litorânea nas proximidades do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. Em 1927 foi fundada a Usina de Carapebus, que constituiu-se a primeira fonte de renda e de emprego do então terceiro distrito de Macaé, com a produção de álcool e açúcar. Atualmente, a economia de Carapebus é baseada, basicamente, na agroindústria açucareira e na pecuária bovina. Localizado próximo ao limite de Carapebus com o município de Quissamã, o está o bairro Rodagem, predominantemente rural, com a presença de muitos sítios, nos quais ainda é praticada a criação de gado para pecuária. 

A região é formada por uma extensa planície com sedimentos fluviais e marinhos. À medida que avançamos para o interior, a planura dá lugar a tabuleiros sedimentares, com topografia suave, e mais para oeste aparecem colinas e os primeiros patamares da serra do Mar. Essa característica da planície sedimentar favoreceu não só o cultivo da cana-de-açúcar, como também as pastagens.


No século XVII os portugueses partiram de Macaé – fundada em 1619 no litoral – para a exploração dos campos dos goitacases – área habitada pelos índios da tribo homônima. A ocupação dessa área foi feita com a utilização do gado trazido de Cabo Verde e dos Açores.

Assim como Carapebus, Quissamã foi sede distrital de Macaé, tendo sido emancipada em 1989. A lei estadual oficializando a criação do município foi sancionada pelo então governador do estado do Rio de Janeiro, Wellington Moreira Franco, no dia 4 de janeiro de 1989. Embora tenha começado com a criação de gado de corte, o município atingiu seu apogeu econômico com a monocultura açucareira durante o século XIX, tendo como seu principal centro de atividades o Engenho Central de Quissamã, desativado em 2003 e atualmente abandonado. A principal fonte de arrecadação do município, hoje, é a extração do petróleo.

À medida que a cana-de-açúcar começou a ser cultivada, ela ocupou as terras próximas do litoral e empurrou o gado para o interior. Na baixada campista foram doadas muitas terras antes pertencentes à metrópole, e foram construídos muitos engenhos pelos novos ocupantes das terras, que passaram a se dedicar às atividades ligadas à agropecuária. Quando a vila de São Salvador de Campos foi fundada, em 1676, já existia ali uma considerável agroindústria canavieira.

Com vida pacata durante a maior parte do ano, Atafona vê sua população crescer muito durante os meses de verão. A história dá notícia de um pequeno aldeamento em São João da Barra, por volta do ano de 1622. Um grupo de pescadores deixou Cabo Frio e seguiu para o local onde hoje está erguida a igreja de Nossa Senhora da Penha, em Atafona. Com pesca farta, o grupo resolveu ficar. O povoado foi fundado pelo pescador Lourenço do Espírito Santo. Oito anos depois, uma tragédia deslocaria os pescadores da região para o local onde está a igreja matriz de São João Batista, na sede do município. Foi em 1630 que ocorreu a fundação do povoado de São João Batista da Paraíba do Sul.  Neste antigo balneário, o Atlântico vem destruindo ruas, casas e comércios há mais de 50 anos. Estima-se que as águas já tenham derrubado pelo menos 500 construções. As Barragens no Rio Paraíba do Sul, bem como a devastação das matas ao longo do seu curso, estão entre as causas do fenômeno. Com o fluxo diminuído e o leito assoreado, o rio não consegue vencer o mar, que avança com cada vez mais força sobre a foz, onde fica Atafona.

No século XVIII, a produção de cana-de-açúcar tornou-se a atividade predominante. A partir de então, a região passou por diversas transformações. Da produção dos engenhos tradicionais, localizados em pequenas propriedades, passou-se à plantação em grandes e médias propriedades e à produção de açúcar e álcool em usinas modernas. A partir da década de 1970, com a modernização da agricultura no Brasil, ocorreu uma ligação maior do setor canavieiro com o industrial, determinando profundas mudanças socioespaciais no Norte Fluminense:

• uma forte especialização agrícola;

• o aumento da concentração fundiária, ou seja, da terra;

• a proletarização, ou seja, a transferência do campo para os trabalhos urbanos;

• a intensificação da urbanização.

A articulação entre os setores agrícola e industrial, acelerou o êxodo rural na região e aumentou ainda mais o nível de pobreza de sua população. É fundamental acrescentar que a sociedade campista acabou se organizando “em torno” da atividade canavieira por muitas décadas.

O antigo distrito denominava-se Timbó (Tephorosia toxicaria), planta utilizada pelos índios para intoxicar os peixes, e criado em 1911. O decreto de número 641, de 15 de dezembro de 1938, estabeleceu a nova denominação Pureza. Como parte do 3º distrito do município de São Fidélis. Pureza e Vila Usina Pureza representaram no século passado um forte elo do desenvolvimento da economia para a cidade. Uma das maiores empresa responsável no desenvolvimento econômico do município e região – foi capaz de produzir no passado, 210 mil sacos de açúcar e dois milhões de litros de álcool com uma mão de obra empregada de quase mil empregados diretos e indiretos. A Usina de Pureza foi fundada em 1887, e pertenceu ao Visconde de Caus Serans no início do século XX, cuja indústria foi de grande êxito para com o desenvolvimento do distrito e município.

Essa atividade acabou sendo bastante danosa para a sociedade fluminense em geral e para a região campista em particular, pois essa atividade se caracteriza por ser concentradora da terra e da renda, por não gerar empregos em número significativo ou gerar empregos mal remunerados e que oferecem condições “desumanas”.


Estruturou-se, portanto, no Norte Fluminense, o CAI (Complexos Agroindustriais) sucroalcooleiro. Atualmente a região participa com, aproximadamente, 90% da produção canavieira do estado. Apenas Campos dos Goitacases, já produziu mais de três milhões de toneladas desde a década de 1970, apesar da emancipação dos municípios de Italva e Cardoso Moreira.

Em fins de 1700, mais de 20 engenhos já haviam se instalado em Cachoeiras do Muriaé (nome do atual município de Cardoso Moreira) realizando moagem de cana de açúcar e beneficiamento de açúcar e aguardente. As fazendas mais importantes foram Outeiro, da família Peixoto; Santana, da família Saturnino Braga; Santa Rosa, de Paulo Viana; Pau Brasil, de Ribeiro Rocha; São José, do Barão da Lagoa Dourada; Santa Helena, do Comendador José Cardoso Moreira; e Cachoeiras do Muriaé, do Comendador Antônio José Ferreira Martins. Frente à necessidade de escoar sua produção, os donos dessas fazendas se organizaram na construção de um ramal da estrada de ferro Campos/Carangola, cujo trajeto, na realidade, ia até Porciúncula (antes, o escoamento era realizado por barcas pelos Rios Paraíba e Muriaé). O Comendador José Cardoso Moreira, além dos investimentos em suas terras, fez também, como era de costume na época, diversas contribuições para beneficiar a localidade, tornando-se grande acionista da estrada de ferro. Devido ao volume de seus investimentos, a estação local acabou recebendo seu nome, que mais tarde se transformaria no nome da cidade. Em 25 de outubro de 1945 tem início a construção da primeira ponte sobre o Rio Muriaé, idealizada pelo jovem engenheiro carioca Haroldo Joppert, que começou o empreendimento com seus próprios recursos, edificando pilares e cabeceiras. A ponte seria concluída e inaugurada em 24 de agosto de 1947 pelo então Prefeito de Campos dos Goytacazes, Salo Brand (atual nome da ponte). Na época, Cardoso Moreira já era o 14º Distrito de Campos dos Goytacazes.

Os dois marcos recentes na ocupação do espaço na baixada campista foram:

• a criação do Proálcool (Programa Nacional do Álcool) em 1972;

• a exploração do petróleo na plataforma continental – bacia de Campos, a partir de 1986.


Com o Proálcool, que incentivou o uso do álcool como combustível, a região passou a ter 19 usinas de açúcar, apresentando um aumento exagerado na capacidade do parque industrial. Permanecem em atividade apenas oito delas e mesmo assim verifica-se uma capacidade ociosa das mesmas. Após um período de “expansão acelerada” do Proálcool, entre 1980 e 1985, veio uma fase de desaceleração e crise no programa (1986-1995). Essa crise acabou repercutindo na organização industrial da região. Muitas usinas faliram ou simplesmente viram seus equipamentos se tornarem obsoletos.

Com área é de 375 km², Dores de Macabu, 11º distrito de Campos dos Goytacazes, localiza-se a aproximadamente 40 quilômetros da sede municipal, é formado, além do bairro que dá nome ao distrito, pelas localidades de Cerejeira, Guriri, Macaco, Mato Escuro, Planície, Ponta da Lama, Quilombo, Leornea, Rela, Parque Alegria e Rio da Prata. O distrito, fundado em 1892, possui comunidades quilombolas reconhecidas e certificadas pela Fundação Palmares. É cortado por uma ferrovia, a Linha do Litoral da antiga Estrada de Ferro Leopoldina, que liga o distrito ao Centro de Campos, ao Rio de Janeiro e à Vitória, no Espírito Santo. Desde 1996, a ferrovia está concedida ao transporte de cargas. O transporte de passageiros pela ferrovia no distrito está desativado desde 1984. Quanto ao uso da terra, há um predomínio de grandes propriedades com pastagens para pecuária leiteira e de corte em regiões de inundação - Dores de Macabu é a maior bacia leiteira da região - , mas também existem pequenas áreas com cultivo da cana-de-açúcar.

Atualmente, as grandes unidades agroindustriais que possuem instalações e equipamentos mais modernos acabam levando as usinas menos modernizadas à falência, captando seus fornecedores. Esse fato ocorre principalmente em Campos, onde havia várias usinas próximas umas das outras. As usinas de Quissamã e Carapebus, menos modernas, conseguem se manter ativas, apenas porque são as únicas em seus municípios. Em São Fidélis existe ainda uma única usina ativa. Já a participação do petróleo foi um fato novo na economia dos municípios do Norte Fluminense, pois a economia canavieira era tradicional na região.

Santo Eduardo, 13° distrito de Campos dos Goytacazes, está localizado a aproximadamente 75 quilômetros da sede municipal, 7 quilômetros do distrito vizinho de Santa Maria de Campos. Criado em 1861, o distrito já foi um dos principais pólos agrícolas de Campos, destacando-se pela produção de café. A estação ferroviária, inaugurada na década de 60 recebia tudo o que era produzido na região, que era despachado para a então capital do Brasil, Rio de Janeiro. Com o fim do ciclo do café e início do ciclo do açúcar, foi inaugurada a Usina Santa Maria, em Bom Jesus do Itabapoana, que empregou muitos moradores de Santo Eduardo. Em 1960, Santo Eduardo perdeu metade de seu território, com a emancipação administrativa de Santa Maria de Campos. O fechamento da Usina Santa Maria, no início da década de 1990, gerou uma grande crise na região. Na estação de Santo Eduardo chegava para embarque toda a produção agrícola do vale do Itabapoana e que antes, desde 1864, chegavam ao porto fluvial da Limeira, no rio Itabapoana. Santo Eduardo era então a ponta da linha que vinha de Campos. Com a inauguração da estação de Itabapoana (mais tarde, Ponte de Itabapoana) em 1893 foi aberta, em 1896, a ferrovia E. F. Itabapoana, ligando inicialmente esta estação capixaba à fazenda Boa Vista (hoje cidade de Apiacá) e fazendo com que Santo Eduardo perdesse muito de seu movimento. A toponímia em volta do bairro de Santo Eduardo (que pertencia a Campos) foi bastante complicada no final do século XIX. O bairro existia dos dois lados do rio Itabapoana, sendo que, como o rio era a divisa de estados, um dos bairros estava no ES e o outro no RJ. A estação ficava do lado fluminense. Porém, as agências postais, que em alguns casos estavam estabelecidas nas estações, no caso de Santo Eduardo a agência fluminense tinha o nome de Itabapoana e a capixaba, de Santo Eduardo. E mais: a estação ferroviária de Itabapoana ficava no lado capixaba. Tudo contribuía para complicar a situação das correspondências a serem entregues ali, num tempo em que não existiam os Códigos de Endereçamento Postais (CEPs).
Em meio à crise mundial do petróleo, em 1974, o Brasil descobriu o campo marítimo de Ubarana, na bacia de Potiguar (ES) e o campo de Garoupa, na bacia de Campos (RJ), que marcariam o início de uma nova fase dentro da Petrobras. Uma fase em que a empresa se diferenciaria pela exploração do petróleo em águas profundas e ultraprofundas. Em função do potencial encontrado na bacia de Campos, a produção petrolífera brasileira chega aos 182 mil barris ao dia, sendo reconhecida até os dias atuais como a mais produtiva bacia do país e uma das maiores produtoras de petróleo de águas profundas do mundo.

A exploração do petróleo gerou o pagamento de royalties às prefeituras de vários municípios que têm relação direta ou indireta com essa atividade. A arrecadação dos royalties acabou gerando, inclusive, movimentos de emancipação, já que antigos distritos dos principais municípios passaram a ter arrecadação própria. Macaé é um exemplo de município onde a exploração do petróleo determinou mudanças na configuração territorial, que ocorreram a partir do desmembramento de Quissamã e Carapebus. O município de Macaé perdeu extensas áreas dedicadas ao cultivo da cana-de-açúcar, mas cresceu muito rapidamente com a instalação de uma sede regional da Petrobras, passando a apresentar funções diversificadas e exercendo maior centralidade regional.

Grussaí é o terceiro distrito de São João da Barra. É conhecida como a "praia das casuarinas", pela abundância deste tipo de árvore na região, tendo se tornado um balneário tradicional da Mesorregião do Norte Fluminense. No passado, havia, ao redor da lagoa, uma aldeia de nativos, onde se misturavam pessoas de origem cabocla com alguns estrangeiros que possivelmente naufragaram na região, o que explicaria o fato de muitos locais manterem ainda hoje olhos azuis muito claros. Viviam da pesca, de plantações e da criação de animais. O acesso a Grussaí era feito por jardineira (ônibus aberto) que seguia até Atafona, onde se pegava o trem da Leopoldina Railway para outros lugares. Somente a partir do final dos anos 1940, a localidade começou a se expandir na direção do mar. Com o asfaltamento da BR-356 e a melhoria nas condições de acesso, Grussaí foi crescendo sobretudo com a construção de casas de veraneio de classe média.

As transformações do espaço no Norte Fluminense devem-se, além do surgimento das atividades ligadas ao petróleo, também à crise no setor sucro-alcooleiro, que infl uenciou drasticamente a busca por outras atividades produtivas em lugar da produção canavieira. Essa atividade tinha o objetivo de devolver à região o dinamismo econômico encontrado em outras épocas. A crise do setor sucro-alcooleiro se caracterizou:

• pelo fechamento de usinas que tiveram dificuldade para obter fornecedores de cana-de-açúcar;

• pela liberação dos preços do açúcar, do álcool e da cana, com o fim das subvenções, ou seja, do auxílio financeiro do governo;

• pela grande expressividade do CAI sucro-alcooleiro em São Paulo, que superou largamente o do Norte Fluminense;

• pela modernização da agricultura, com a implementação de avanços tecnológicos que não promovem o desenvolvimento social, pois levam muitos trabalhadores e pequenos produtores à exclusão social e ao desemprego.

Entre 1842 e 1846, com os cafezais serranos batendo os récordes de produtividade, o então Governo Provincial resolveu facilitar o escoamento da produção cafeeira da região de Cantagalo para o porto de Macaé, construindo uma estrada para o tráfego de tropas. Essa estrada, concluída em 1845, possuía uma série de ramais ou estradas vicinais, como a Estrada do Mandingueiro, a da Palioca, a do Roncador, a da Carreira Comprida, etc. O movimento na Estação era maior entre outubro e março, quando as chuvas deixvam o Macabu cheio, em condições ideais de navegabilidade. Por outro lado, as mesmas chuvas deixavam o trecho da estrada entre Macaé e Conceição de Macabu intransitável. Com a inauguração do ramal ferroviário da Cia. Estrada de Ferro Barão de Araruama, em 1878, houve também a inauguração da estação ferroviária de Conceição de Macabu, daí, o povoado da Estação (fluvial), trocou novamente de nome, passando a denominar-se Estação Velha. Velha mesmo, derrocada total, alem do movimento que passou a se concentrar mais em Conceição de Macabu, a Estação Velha perdia em outro quesito: Salubridade. A região era pantanosa, as epidemias de malária, cólera, tifo, febre amarela e varíola eram mais frequentes que em Conceição de Macabu. No princípio do século XX, a situação havia mudado muito, a fazenda já não era um exemplo de produção agropecuária e consequentemente, a região estava fadada ao esquecimento, quando o francês Victor René Sence a escolheu para erguer a Usina Conceição em 1912. Adquirida pela Usina Victor Sence, a Fazenda Juraci passou a chamar-se Fazenda São João, nome que prevalece até os dias de hoje, mesmo não pertencendo mais à Usina. A Usina Victor Sence foi a maior indústria de todos os tempos na região. Enquanto existiu, a Usina sempre se destacou na produçã de gêneros sucro-alcoólicos. Em 1933 a Usina Victor Sence fechou suas portas, diminuindo o movimento de pessoas no bairro, empobrecendo-o, mas não chegando a provocar seu esvaziamento populacional.

Uma das opções surgidas para os que foram excluídos da atividade canavieira foi a fruticultura. Trata-se de uma atividade agrícola que valoriza as experiências anteriores em outras lavouras e que acaba gerando muitos empregos temporários e permanentes. Isso impede o deslocamento do homem do campo para as áreas urbanas, em busca de emprego em setores como o da construção civil, que o leva muitas vezes à marginalização social.

Observa-se uma mudança, ainda que pequena, na urbanização da baixada campista, que vem se desenvolvendo em eixos, como o da estrada do Açúcar, que liga Campos ao farol de São Tomé. Ao longo dessa rodovia aparecem localidades como Santo Amaro, Mussurepe, São Sebastião de Campos e Tocos, onde existem usinas, algumas já desativadas. Todas as mudanças são de grande importância, alterando estruturas antigas presas, muitas vezes, ao processo de colonização. Essas transformações podem trazer novas possibilidades para a população, mas podem também tornar-se excludentes, na medida em que uma parte dos habitantes não consegue se integrar nas novas formas de atividades econômicas, pois lhes faltam qualificação profissional e recursos para obter essa qualificação.

A “Hydro-electrica de Macahé” entrou em operação em 1929 no distrito de Glicério, uma das primeiras hidrelétricas do estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de levar energia elétrica a todo o norte-fluminense. A barragem antiga da Usina de Glicério foi construída com pedra argamassada e concreto, e possui 12m de altura. O tunel de adução, de ferro e com 790m de extensão, levava água do reservatório até a casa de força, com duas turbinas que eram capazes de gerar até 1,2 MW de enregia elétrica. No ano de 1972 a Usina de Glicério foi desativada. A origem do distrito de Glicério se confunde completamente com a do distrito do Frade. Antes, Glicério era apenas um dos vários povoados do distrito do Frade, na ocasião, chamava-se Crubixais, nome de origem tupi cujo significado era “rio dos seixos” ou “rio das pedras”, em alusão às características dos rios da região, bastante encachoeirados e pilhados de pedras. O nome Glicério surgiu a partir da construção da Estrada de Ferro Central de Macaé, cujo objetivo era ligar Macaé ao Arraial do Frade. Com o crescimento da economia da cafeicultura, que a partir do início do século XIX se tornou a principal atividade econônica da região, a serra macaense vê surgir a necessidade de novos meios de transporte. A região só dispunha para o seu escoamento hidrovias que ligavam a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Frade à Macaé através do porto de Trapiche e Madressilva . A Estação de Glicério, recebeu tal denominação em homenagem ao General Francisco Glicério, político paulista de grande influência na época, e Ministro da Viação e Obras públicas. Em 1891, a estrada foi entregue para o tráfego, mas com um detalhe: sem atingir o arraial, possuindo a extensão de 42,7 Km, e tendo como terminal a estação de Crubixais, seis quilômetros antes de atingir seu ponto final. É nesse momento que a história começa a definir o destino do atual distrito de Glicério. Com o terminal localizado neste ponto, foi favorecido o crescimento da localidade, pois todos deveriam convergir para lá a fim de escoar sua produção.

Os avanços tecnológicos, na maioria dos casos, têm contribuído para aumentar as desigualdades socioeconômicas, privilegiando uma elite já favorecida anteriormente. Encontramos exemplos nos trabalhadores rurais da baixada campista, excluídos da atividade agrícola pela modernização e levados ao desemprego e ao êxodo rural.






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