As terras que hoje formam o Vale das Videiras pertenciam ao município de Vassouras. Por serem impróprias para a plantação de café, o “ouro negro” da época, foram deixadas de lado pela comarca.
O nome “Vale das Videiras” se deve a tentativa fracassada de transformar a região em uma próspera vinícola, cuja iniciativa partiu de imigrantes vindos do sul italiano.
O valor da região estava na geografia desta, em que haviam rotas para viajantes e fazendeiros que iam e vinham da região central de Vassouras, Paraíba do Sul e Três Rios.
Destes pontos, seguiam para lugares mais distantes como Diamantina e Ouro Preto. Com o tempo, outras rotas foram sendo formadas como a Estrada do Imperador, que passaria pelo Rocio, Mata do Rocio e, depois, Fazenda do Rocio, Facão, Vale das Videiras, chegando até onde hoje é o Município de Paty do Alferes. A rota que os viajantes tomavam para se chegar a Vassouras hoje é a Rodovia Bernardo Coutinho, ou RJ-117, que recentemente foi asfaltada.
Outra rota também conhecida foi criada por Bernardo Proença que começava na Cascatinha entrava no Vale das Araras (fazendo o mesmo percurso da atual estrada Bernardo Coutinho), subia a Serra de Araras, cruzava a Garganta da Ponte Funda, entrava em áreas da Fazenda Santa Catarina e chegava ao povoado do Vale das Videiras no mesmo trajeto da atual estrada Paulo Meira.
Um “entroncamento” de grande importância à época, pois dali partiam duas “variantes” principais: uma, conduzia o viajante à Paty do Alferes, Miguel Pereira e Vassouras; a outra, à Paraíba do Sul, passando por Sardoal, Sebollas, Fagundes e Werneck.
O distrito de Araras resume-se a uma rua apenas sem nenhum local para convivência. Tem a igreja, de Nossa Senhora de Lourdes, mas falta a pracinha. O que sobra são restaurantes finos, pousadas e condomínios fechados. À direita, o acesso aos vilarejos de Rio Pardo e Sardoal e à esquerda, Paty e Miguel Pereira.
A Fazenda Sant´Anna do Vale, erguida em 1752, inicialmente era denominada Sant´Anna das Palmeiras. Em seu interior, foram feitas palestras em prol da Independência do Brasil.
Tropeiros, vaqueiros, negociantes, viajantes de todas as partes e de todas as classes circulavam por este trecho levando e trazendo várias mercadorias – de ouro a pinga. Quando chovia, a estrada se tornava um atoleiro cheio de obstáculos. Isso obrigava os viajantes a interromper a viagem e esperar as condições climáticas melhorarem.
Foi aí que surgiram hospedarias e ranchos. Em seguida estalagens e currais. Depois, Fazendas que serviriam não apenas como unidades de produção, mas também serviram para pouso, descanso e necessidades de higiene. Entre as fazendas, estão a Bonsucesso, Santa Catarina, Sant´Anna do Vale, da Cachoeira e do Rocio.
A extensão territorial do vale pertenceria a dois antigos distritos de Vassouras: Miguel Pereira e Paty do Alferes. Mas consta que Petrópolis avançou em terras que não eram de sua alçada. Em contra partida, a cidade imperial foi quem trouxe melhorias para o Vale como pavimentação e serviço de coleta de lixo e iluminação pública.
O Vale das Videiras é considerado por botânicos, zoologistas e conservacionistas em geral como um nicho de preservação ambiental e a mais bela região rural da serra fluminense. Não lhe faltam atrativos naturais, como montanhas, riachos e cachoeiras. Por isto, tem se notabilizado como um destino turístico em franca expansão.
O melhor acesso para se chegar ao Vale das Videiras é pela BR-040, rodovia federal que interliga o Rio de Janeiro à Belo Horizonte. Deixando a estrada na Saída do Km. 65, direção Araras, entra-se em uma belíssima estrada de montanha asfaltada, que leva o visitante até o povoado do Vale, onde não falta um coreto e um pequeno comércio. Esta estrada é a RJ-117, que interliga Petrópolis à Paty do Alferes.
No Brasil Colônia, e depois no Império, todas as terras hoje conhecidas como “Vale das Videiras” pertenciam à então Comarca de Vassouras. Fazendas históricas são o testemunho daquela época em que a região buscava a sua afirmação econonômica e que, ao mesmo tempo, ofereciam repouso, alimentação e pouso aos que se deslocavam entre a Cidade Imperial de Petrópolis e as fazendas de café de Vassouras ou seguiam viagem para regiões mais distantes, como as das minas gerais.
Nos últimos anos do Império, imigrantes italianos plantaram parreirais na tentativa de produzir uvas em escala comercial. É desta época a Fazenda Sta. Catarina, que recebeu este nome em homenagem a santa padroeira da Itália. Restaurada e ampliada, e com o nome de Fazenda das Videiras, a propriedade é hoje uma pousada temática, onde tudo gira em torno do vinho e da uva, da decoração à culinária.
Já na República, o município de Petrópolis avançou sobre o Vale das Videiras, incorporando parte dele aos seus domínios. Passou a servir a região de serviços de transporte público e de recolhimento de lixo.
Com o desmembramento de Vassouras, para o surgimento dos novos municípios de Miguel Pereira e de Paty do Alferes, a área remanescente do Vale das Videiras passou à jurisdição das novas unidades estaduais.
Muitos poucos são os que percebem que o Vale das Videiras “herdou” o que de melhor oferece cada um dos três municípios: o clima fresco e seco de Miguel Pereira, a simplicidade e o jeito rural do povo de Paty do Alferes e a vocação eminentemente turística de Petrópolis.
A imensa maioria, todavia, alheia a tais sutilezas, acredita que o Vale das Videiras é um dos distritos de Petrópolis e, dentre eles, o mais privilegiado pelas belezas da natureza.
As razões saltam aos olhos: situado entre duas área de preservação ambiental (Reserva Ecológica Estadual de Araras e Zona de Proteção Ambiental da Ponte Funda), o Vale das Videiras é rico em riachos, cachoeiras, diferentes espécies de vegetais e animais.
O Vale das Videiras continua a ser o destino turístico acertado para quem quer fugir da agitação, dos engarrafamentos e de todos os “sintomas” das áreas urbanas. No local podem ser encontrados desde uma pensão popular a um restaurante estrelado, desde uma estalagem simples a uma pousada de charme.
Em suma, opções para todos os bolsos e exigências. Em torno do povoado, um coreto, escola, farmácia, posto de gasolina e um centro de compras, com pizzaria e lojas de decoração e artesanato.
Estradas de terra e belas trilhas partem do centro do Vale das Videiras e passam por montanhas, matas, riachos e antigas fazendas. São caminhos centenários que levam à lugares como o Vale das Princesas, Malta, Estrada do Imperador, Fazenda Inglesa e Rocio.
Noutro sentido, outras estradas de chão passam por plantações de tomate, até chegar a Paty do Alferes, Miguel Pereira, Secretário e Paraíba do Sul. São roteiros consagrados para cavalgadas ecológicas, passeios a pé, de bicicleta ou de moto.