Magalhães Bastos em seus 2.000 km² remonta a desapropriação da Fazenda Sapopemba em meados de 1907, no governo do Presidente da Republica Afonso Pena após a reorganização do Exército feita por Marechal Hermes da Fonseca, então Ministro da Guerra.
Sapopemba era localidade que pertencia a freguesia de Irajá, com população aproximada na época de 14.400 habitantes, segundo o recenseamento de 1890. A lavoura era tida como a mais importante do Distrito Federal. As terras da Fazenda de Sapopemba pertenciam ao Conde Sebastião do Pinho.
Magalhães Bastos tem origem do nome dada em homenagem ao Tenente Coronel Antônio Leite Magalhães Bastos, que nasceu em Pernambuco aos 2 de setembro de 1873. Em 1907 foi nomeado membro da comissão de instalação da Vila Militar, tinha como missão a construção de quartéis, residências, da ferrovia e das estações da região.
A ocupação inicial do bairro se deu em meados de 1915 como um “loteamento das terras do exército aos operários das vila”. A eles foi cedido terreno para construção de suas casas. A área do morro do Capão, onde se desenvolveu esse primeiro núcleo urbano, é uma área elevada e muito barrenta. Àquela altura era vizinha de áreas de descanso dos cavalos dos militares, os currais – inclusive duas “favelas” do bairro e vizinhas à linha férrea se chamam Curral das Éguas e Curral Falso.
Em 28 de setembro de 1919, o general Alberto Cardoso de Aguiar, ao deixar o cargo de Ministro da Guerra, elogiou a inteligência, lealdade e capacidade técnica e disposição urbanística do oficial e, no dia 6 de novembro de 1919, ele assumiu o comando do 1º Batalhão de Engenharia que ficava localizado em Realengo (Estrada Real de Santa Cruz) em um velho prédio térreo, bastante arruinado em frente a um pântano, esse quartel era iluminado por energia elétrica na época.
Esta unidade militar não está mais sediada no Rio de Janeiro. Magalhães Bastos faleceu em 27 de agosto de 1920.
O pioneiro da fundação do bairro foi Manoel Guina, português, mestre de obras, veio de São Paulo atraído pela oportunidade de emprego na capital do Brasil, para trabalhar na construção da Vila-Militar, obra esta ordenada pelo Marechal Hermes.
A disposição de fincar raízes naquele espaço urbano da então capital do país, pois nesta época quase não havia, no Rio de Janeiro, mão-de-obra suficientemente qualificada para tal empreendimento, deveu-se ao fato de que construção era necessária, devido ao transporte de equipamentos militares.
Antes de se chamar Magalhães Bastos, o local era conhecido como "Fazenda das Mangueiras" e posteriormente, "Vila São José". Somente após a Segunda Guerra Mundial é que o bairro passou a chamar-se Magalhães Bastos, homenagem dada ao Tenente Coronel Antônio Leite de Magalhães Bastos.
Seu Manoel Guina era muito religioso, a época ele fundou a Conferência São José, depois substituído pelo confrade Sebastião Tumine, sargento do exército. Na época existiam poucos padres em Magalhães Bastos. A responsabilidade de rezar as missas era de Padre Miguel, vigário por muitos anos em Realengo, mas na verdade, quem rezava a maioria das missas eram os padres militares (Capelão).
Várias ruas do bairro foram nomeadas em homenagem a militares. Estrada General Canrobert da Costa: Principal estrada do bairro foi homenageada com o nome de um importante General, Canrobert da Costa, nascido no Rio de Janeiro em 1895 na então Capital Federal, onde foi Ministro da Guerra (interino) no Governo de Getulio Dornelles Vargas, décimo terceiro período de governo republicano que data de 10 de setembro de 1937 a 31 de janeiro de 1946. Canrobert da Costa faleceu em 1955 e foi personagem importante no Exército Brasileiro.
Como podemos ver a história do bairro tem grande participação e influência militar, pois como já foi dito, vária ruas do bairro foram batizadas com nomes de militares, veja algumas, Rua Coronel Valença, Rua Tenente Coronel Cunha, Rua Capitão Cader Matori, Estrada Marechal Fontenelle e Estrada Marechal Malett.
Além disso destacam-se quatro instituições militares, 9º Brigada de Infantaria, 21º Batalhão Logístico, 25º Batalhão Logístico (Escola) e o Parque Regional de Moto Mecanização, sendo que esta força militar não foi capaz de influenciar no desenvolvimento do bairro.
O Esporte Clube São José, teve origem a partir de um time de futebol criado pelos membros da capela de São José e foi fundado em 1 de janeiro de 1922. O local onde foi construído o clube, foi doado pela família de Seu Manoel Guina. Hoje, os bisnetos de Manoel fazem parte da Presidência e Diretoria do clube. Com 83 anos de existência, o clube luta por melhorias.
De “vila” a localidade foi crescendo a partir dos anos 1930, com a chegada de pequenas fábricas e o aquecimento das atividades militares no contexto de guerra mundial. O trânsito de praças (militares inferiores, que não são oficiais) e sua fixação acontecem em parte no bairro, aumentando o número de casas no sentido do “caminhos dos Barata” (atual General Canrobert da Costa), ou seja, para Realengo.
A primeira escola a ser construída no bairro, foi a Escola Rural (Hoje Escola Municipal Álvaro Alvim). A primeira Fábrica de Magalhães Bastos, mais conhecida como fábrica de louça (hoje Manufatura de Produtos King) foi instalada no bairro em 1943, nesta época sua atividade era fabricação de vidro, velas e cerâmica, tendo como seu fundador o senhor Antonio Pedro Camalhão Rocha.
A Estrada General Canrobert da Costa (Antiga Limites do Barata) ainda não era asfaltada e não possuía meio fio, só em 1951 é que recebeu calçamento de paralelepípedos.
A Estação de Magalhães Bastos, é sem duvida o marco da fundação do bairro. A construção deu-se por pedido de Manoel Guina, na época quem usava o trem como transporte saltava atrás do Quartel de Cavalaria, próximo ao campo de Instrução do Gericinó.
Esta parada do trem como era chamada na época causava muito transtorno aos moradores, pois tinham que caminhar um bom percurso até chegar ao bairro. A nova Estação do bairro, foi inaugurada em 18 de agosto de 1914. Em 1936, obras de ampliação para melhorar a demanda de militares na região.
Sub-bairros:
- Mallet (parte de Realengo);
- Capelinha;
- Sobral (Parte de Jardim Sulacap e Vila Militar).
O bairro recebeu o polêmico corredor Transolímpico, que liga a Avenida Brasil, na altura de Deodoro até Curicica por via expressa para automóveis em geral e previsto para ligar a estação de Deodoro do trem até o Recreio dos Bandeirantes através de BRT. Até o momento o sistema só opera até a Vila Militar.
Seu projeto foi polêmico no traçado do túnel da Boiúna (do ponto de vista ambiental), da perda de características da região da Colônia, na Taquara, (ponto de vista social, mudança de características do bairro, e de saúde pública, aumento da poluição do ar e sonora, assim como possível aumento de engarrafamentos) e desapropriações, em especial no bairro de Magalhães Bastos (social e político).
O projeto foi anunciado pela prefeitura do Rio em maio de 2010, com previsão de início de obras para o primeiro semestre de 2011. Porém, posteriormente, o início foi adiado para janeiro de 2012, o que também não se realizou. A licitação foi remarcada para março de 2012, porém, foi novamente adiada devido à mudanças no edital.
O ano de 2012 marca portanto o início aparentemente inevitável de um processo inevitável e temerário frente a ameaça da saída de mais de 400 famílias de suas casas. Para piorar, os números e as informações detalhadas sobre as obras não são conhecidos, divulgados ou não parece certos.
Exemplo disso é que as entradas e saídas da via expressa (chamadas comumente de “alças de acesso) não estavam discriminadas/licitadas pelo EIA (Estudo de Impacto Ambiental), assim como a exata localização e número de estações de BRT e o percurso que este faria entre Magalhães Bastos e Deodoro, ou seja, por onde passaria na Vila Militar.
Toda essa falta de informações, acrescida às incertezas da negociação com o exército e as simulações de passagem da via sob o bairro geravam receios e ativavam rumores de que a cifra de desapropriados e removidos fosse, talvez, ainda maior.
Em março de 2013, uma comissão formada por moradores do bairro elaborou um traçado alternativo. No novo arranjo, desviado para a área militar (em grande parte sem uso), centenas de casas poderiam ser poupadas, além de ser preservado o percurso em linha reta (exigência às vias expressas), chegando até mais rápido a Avenida Brasil, destino final da Transolímpica.
Na ocasião a prefeitura do Rio responde a contraproposta não enquanto forma de contestar o trecho licitado, mas como uma possibilidade de “evitar o pior”, uma oportunidade de convencer “os generais” de negociar as terras e beneficiar os moradores.
No andamento seguinte das conversas entre a comissão, a direção da vila militar e a prefeitura, foi sabido que a ideia da “Perimetral 2” seria refutada por alcançar unidades “operacionais e estratégicas”, alegando o exército que elas são inconciliáveis com os “riscos” que oferecem a passagem de um viaduto.
Além disso, o terreno ocioso vizinho a Igreja – por onde a via passaria nesse projeto - já estaria comprometido com a construção de novos prédios residenciais que, inclusive, estão arrolados ao projeto da “região olímpica” .
Na negociação com representantes do poder público, os moradores organizados buscam acessar o repertório técnico sem deixar de abrir mão de outros recursos. Uma das primeiras ações da comissão do bairro, incrementadas à divulgação pela internet do problema, foi a realização de passeatas pelo bairro.
As “caminhadas” exigiam as mudanças no desenho da obra e, especialmente, o êxito na negociação com os terrenos do exército. Duas grandes passeatas ocorreram nos dias 6 de abril e 15 de junho daquele ano.
Por conta do cotidiano próximo a Vila Militar, alguns moradores anteriormente engajados em reivindicações locais já conheciam o General Abreu, autoridade no comando da 1ª Divisão do Exército.
O comandante era reconhecido como extremamente autoritário e pouco afeito a aproximações e diálogos com os moradores do bairro civil. O conflito com o Estado, nesse caso, se exacerba na dimensão pessoal presente nas interações com a hierarquia do exército
Com o patrocínio de comerciantes, em 25 de junho de 2013 representantes da comissão de moradores; o padre Núbio (da Paróqui de São José) e os deputados Alessandro Molon, Luiz Sérgio, Chico Alencar e o vereador Marcelino de Almeida estiveram na reunião com o General Peri.
O objetivo é negociar a liberação de mais terras, e quem sabe a aprovação do traçado proposto pelos próprios moradores.
Ao saírem da reunião, o compromisso do Comandante com os presentes foi a busca por um traçado alternativo que viesse de um estudo mais adequado à minimização dos impactos. Para isso, os engenheiros da corporação seriam acionados para pensar essa alternativa. As interlocuções com parlamentares, especialmente com deputados federais e senadores, foram considerados elementos definitivos para a suspensão das desapropriações e remoções no bairro.
Magalhães Bastos apresenta uma paisagem de edifícios baixos, a grande maioria residenciais. O pequeno comércio varejista e de serviços está em todo lugar e especialmente nas ruas principais, mas não há uma praça ou área pública que os moradores possam freqüentar.
Contudo, o alagamento em dias de chuva, a má conservação das ruas e a falta de uma rede adequada de escolas e unidades de saúde são temas que já emergiram como “problemas públicos” do bairro.
A via foi inaugurada em 9 de julho de 2016, com tráfego restrito a BRTs e veículos da Família Olímpica. A abertura ao público em geral ocorreu seis semanas depois, em 23 de agosto daquele ano.