Mobilidade nas Ruas: Distrito de Purilândia (Porciúncula)

O 2º Distrito de Porciúncula fica localizado na RJ-230 há 16 quilômetros da sede do município no Noroeste Fluminense. Com altitude de 450 metros, possui um clima agradável e belas paisagens.


O Distrito de São Sebastião da Vista Alegre, com sede na povoação de Tapera, foi criado pela Lei Estadual n.º 2.063, de 29 de novembro de 1926.



De acordo com as divisões administrativas de 1933 e territoriais datadas de 31 de dezembro de 1936 e 31 de dezembro de 1937, bem como o quadro anexo do Decreto Lei Estadual n.º 393-A, de 31 de março de 1938, o Distrito de São Sebastião da Vista Alegre pertencia ao Município de Itaperuna, como décimo terceiro distrito.

A toponímia do Distrito de São Sebastião da Vista Alegre foi simplificada para Vista Alegre, pelo Decreto Estadual n.º 641 de dezembro de 1938, que fixou o quadro territorial em vigor no quinquênio 1939-1943.



Perímetro Urbano do distrito de Purilândia em Porciúncula - Foto: Earth Google

Por força do Decreto-lei Estadual n.º 1.056, de 31 de dezembro de 1943, que fixou o quadro da divisão territorial, judiciária e administrativa do Estado, em vigência no quinquênio 1944-1948, o Distrito de Vista Alegre passou-se a denominar-se Purilândia e permanecendo no Município de Itaperuna.




A origem do nome Purilândia decorre do fato dos antigos habitantes da região serem índios puris.

Por efeito da Lei Estadual n.º 6 de 11/08/1947, que regulou o artigo 6º do Ato das Disposições constitucionais transitórias do Estado do Rio de Janeiro, promulgado em 20 de junho de 1947, que alterou o quadro territorial vigente no quinquênio de 1944-1948, o distrito de Purilândia foi desligado do município de Itaperuna e incorporado ao novo município de Porciúncula no qual foi ordenado como 2º Distrito.



Fazenda do Céu em Purilândia - Porciúncula / RJ - Foto: Reprodução da internet

O povoamento dessas terras começou aproximadamente na última década do século passado. Seu desbravador foi Joaquim Ladeira Martins, vindo de "Duas Barras", Estado do Rio de Janeiro, estabelecendo-se com sua família, na fazenda que deu o nome de "Canto Alegre".



Por morte do desbravador Joaquim Ladeira Martins, a fazenda "Canto Alegre" coube ao seu filho José conhecido como Juca Ladeira, casado com Dona Júlia Veloso Martins.

O Santo de sua devoção era "São Sebastião", protetor contra as moléstias, por isso ele prometeu doar o terreno para fundação de um arraial e construção de uma capela em homenagem ao Mártir de Diocleciano.

Como não tinha em suas posses o tipo de terreno apropriado para a construção da capela, comprou a área do Sr. Geraldino Silva. A escritura foi passada na Vila de Sumidouro, região de Cantagalo, Estado do Rio de Janeiro, no dia 27 de setembro de 1909.




Já de posse das terras compradas de Geraldino Silva, Juca Ladeira delimitou o terreno do arraial e iniciou a construção da capela.


Foto: Reprodução da internet
No dia 27 de fevereiro de 1918, José Ladeira Martins e sua esposa Dona Júlia Veloso Martins, assinaram um documento particular comprometendo-se a fazerem a doação do terreno à Mitra Diocesana. Além dos doadores, assinaram o documento como representante da Mitra Diocesana: o padre, vigário de Natividade e como testemunha Geraldino Silva e Alfredo Ribeiro.



Após a morte de José Ladeira Martins, sua viúva, D. Júlia Veloso Martins, casada em 2º núpcias com Manoel Marques de Barros, que mais tarde foi assassinado pelo seu enteado, outorgaram a escritura definitiva no livro findo de notas n.º 84, fls. 58, v. 62:



RJ-230 Estrada Porciúncula-Purilândia - Foto: Reprodução da internet

Escritura pública de doação com reserva de posse para construção de prédios, que fazem Manoel Marques de Barros e sua mulher. Júlia Veloso Martins Barros, como doadores de um alqueire e meio de terra, à Mitra Diocesana de Campos, deste Estado, neste ato representada pelo Reverendíssimo Senhor D. Henrique Cezar Fernandes Mourão, Bispo da referida Diocese, por sua vez, legalmente representado pelo seu bastante procurador, Dr. Tancredo Lopes.



Esta doação tinha uma condição: que em hipótese alguma poderão ser edificadas, nessas posses, templos e igrejas ou quaisquer outros edifícios da seita protestante, por ser a mesma o cumprimento de um voto religioso feito pelo finado José Ladeira Martins, quando vivo, como fervoroso Católico Apostólico Romano que foi. O imóvel São Sebastião da Vista Alegre, situado no décimo terceiro distrito deste município foi lançado em nome da Mitra Diocesana de Campos em 17 de outubro de 1928 pelo Escrivão de paz Astolpho Oliveira Dia.

Ao celebrar a primeira missa no local, por volta de 1910, o Padre Salvador Cetrângulo, vigário de Tombos, sugeriu para o arraial o nome de "São Sebastião da Boa Vista". Até então a localidade era conhecida por "Rolador" e "Tapera". O nome Rolador, decorre da existência de trecho de caminho de Purilândia, muito perigoso e onde haviam rolado vários burros de cangalha. E o nome Tapera, parece ter tido alguma relação com a fazenda da Tapera, antigo nome de "Duas Barras", município de onde veio a família Ladeira.




A produção de café era muito grande e demorava meses a se escoar, atingindo, portanto, o tempo das chuvas.




O trânsito era feito por meio de carros de bois e tropas. As estradas com chuvas, ficavam quase intransitáveis até mesmo para cavaleiros.

A partir dai surgiu a idéia da grande construção com ela um grupo de pioneiros tendo à frente o Dr. Sadi Sobral Pinto, engenheiro recém-formado pela escola de Ouro Preto; João da Silva Guimarães, comprador de café e proprietário das fazendas Aparecida, Capanema e Tesourinho; Alfredo Ribeiro comprador de café e dono da Fazenda Canto Alegre e Firmino Francisco de Paula, dono da fazenda Arataca.




Esses homens criaram uma sociedade que tinha, por finalidade construir uma Estrada de automóveis, ligando Purilândia a Porciúncula.



As dificuldades foram quase insuperáveis. Não havia patrol, trator, compressor, etc. Apenas picaretas, carros de bois para remover a terra, marretas e peções. O terreno era muito acidentado, com grandes e muitas pedreiras.


Só para ter uma idéia: existe na estrada um local chamado "Espanta Negro" devido à grande dificuldade de se conseguir mão-de-obra para tal serviço. Certo dia, quando mandavam do arraial, burros carregados com alimentos para os trabalhadores aconteceu deles rolarem morro abaixo, entornando toda a canjiquinha que levavam nas marmitas.



Apesar de tudo, a estrada foi inaugurada em agosto de 1925, precisamente no dia em que Alfredo Ribeiro e Firmino de Paula regressavam de um passeio a Portugal.

Somente neste ano de 1925, data da inauguração da estrada, passaram por "São Sebastião da Vista Alegre" mais de 80.000 sacas de café, transportadas em um "Berlier" e em um "Reiner ".

No dia 10 de julho de 1927, vindo de Varre-Sai, o Presidente Feliciano Pires de Abreu Sodré, inaugurou trecho de estrada que ligava Vista Alegre à Estrada Tombos-Varre-Sai.


Faziam parte de sua comitiva entre outros, o Deputado Federal Joaquim de Meio, chefe político de Itaperuna e o Prefeito Alfredo Portugal. A saudação aos visitantes foi feita por Dr. Edésio Barbosa da Silva, e em seguida foi inaugurada a Usina Força e Luz Santa Inês, construída por seu pai, Geraldino Silva, sob a direção técnica do Sr. Aldeziro Roca Lima.



A obra foi empreitada por dezoito contos de reis, incluindo a instalação da rede no arraial. Esta usina funcionou até 1971, quando foi inaugurada a rede da CERNORTE. Cabe ao Sr. Edésio Barbosa da Silva o grande empenho na eletrificação do Distrito. A velha usina inaugurada em 1927, não mais atendia às suas necessidades. Mesmo porque o volume d'água do ribeirão São Sebastião baixara muito de nível.


Primeiro ônibus que circulava por Purilândia - Foto: Reprodução da internet
O primeiro transporte por ônibus do distrito, era realizado por um lotação particular do Sr. Vadinho Dutra. Realizava o transporte entre Santa Clara e Natividade, passando pelo distrito de Purilândia e seguindo em direção à Natividade, atravessando a Serra da Sapucaia. A linha saía de Santa Clara pela manhã e retornava a tarde.



Anos mais tarde a linha deixou de existir, sendo Santa Clara ligado a Natividade através de Varre-Sai, pela linha N505.



Atualmente, o distrito de Purolândia é atendido apenas pela linha municipal Porciúncula x Santa Clara, operada pela Auto Viação Porciúncula.



O Distrito de Purilândia é cortado pela RJ-230 Rodovia Prefeito Alaor Braz da Fonseca, mais conhecida como Rodovia do Café.

A rodovia liga o município de Porciúncula ao seu distrito de Santa Clara, a partir do entroncamento com a RJ 220, no Caeté, e transformou o distrito num vetor de crescimento.





Com 155 quilômetros de extensão, a RJ-230 tem início na divisa com Minas Gerais, no município de Porciúncula e término no entroncamento com a BR-101, município de Campos dos Goytacazes, já próximo da divisa com o Espírito Santo. 






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