Serviço Especial - Santa Teresa

O bairro de Santa Teresa é um símbolo carioca. Localizado entre a Zona Norte, o Centro e a Zona Sul, apresenta um aspecto bucólico e muito procurado pelos turistas.


Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo

Possui uma exclusiva localização, no alto de uma serra entre as zonas Sul e Central da cidade, que promove uma privilegiada vista para essas áreas. Assim como os bairros vizinhos Glória e Catete, é conhecido pelas construções históricas do século XIX, além de elegantes casarões construídos até os anos 1940. Mas o principal diferencial do bairro é que foi o único da cidade que manteve o bonde como meio de transporte até os dias de hoje. 

Antigamente, o bairro se chamava “Morro do Desterro”, com acesso pela atual Ladeira de Santa Teresa, onde foi construída a capelinha de N.S.do Desterro, em 1629.

Depois, em 1750, o Governador Gomes Freire de Andrade construiu o Convento de Santa Teresa para abrigar ordem de religiosas. Outro acesso era a Ladeira do Castro, entre Mata-Cavalos (atual Riachuelo) e o Largo do Guimarães (formado, em 1857, numa chácara de João Joaquim Marques de Castro). Cruzando o morro de Santa Teresa, a pequena trilha que acompanhava os canos do Aqueduto da Carioca, se tornou mais tarde a Rua do Aqueduto, atual Almirante Alexandrino.


Ilustração do bairro de Santa Teresa - Imagem: Eu quero Viajar

O bairro de Santa Teresinha surgiu a partir do convento de mesmo nome, no século XVIII. Foi, inicialmente, habitado pela classe alta da época, numa das primeiras expansões da cidade para fora do núcleo inicial de povoamento português, no Centro da cidade. Surgiram, então, vários casarões e mansões inspirados na arquitetura francesa da época, muitos dos quais estão em pé até hoje.

Santa Teresa, por sua situação e clima ameno, foi sendo ocupada por famílias abastadas que fugiam da insalubridade e das epidemias do Rio colonial. Em 1850, foi aberto novo acesso pela Rua Dona Luísa (atual Cândido Mendes). Havia várias chácaras, como a chácara de Dona Luísa e as chácaras das Neves, do Castro, da Lagoinha, todas posteriormente loteadas. Do desmembramento das propriedades de Francisco Paula Matos (1845) e Francisco Ferreira das Neves (1853), surgiram as Ruas Oriente, do Progresso, das Neves, Paula Matos, Paraíso, Largo das Neves, entre outras.


Bilhete de bonde antigo de Santa-Teresa que era puxado por cavalos
Para facilitar o acesso a Santa Teresa, a “Empresa de Carris de Ferro de Santa Teresa” iniciou a construção da primeira linha de bondes puxados a burros, integrada ao plano inclinado, que seguia até o Largo do França. 

Já com o nome de “Companhia Ferro Carril Carioca”, foi inaugurada, em 1896, a primeira linha de bondes elétricos em Santa Teresa, que saía do Largo da Carioca, passava sobre os Arcos da Lapa, e seguia até o Largo do França. Em 1897, a linha foi estendida até o Silvestre e Paula Matos, consolidando a ocupação do bairro. Suas cores variavam entre o verde, o prata e o azul, mas passou a ser pintado de amarelo após reclamações de moradores que diziam que o bonde "sumia" em meio à vegetação do bairro.


Foto: Reprodução da internet

O bonde vai do bairro ao Centro da cidade em travessia sobre os Aqueduto da Carioca desde 1896, quando fez sua primeira viagem.
Se comparado com outras regiões da cidade, o transporte apresenta características peculiares. A topografia de Santa Teresa, ao mesmo tempo em que freou a entrada dos ônibus, manteve a operação por bondes.


O Largo do Guimarães

Largo do Guimarães em 1897 - Foto: O Guia Legal


Largo de Guimarães é o maior entroncamento de ruas formado em 1857 à custa da chácara de D. João Joaquim, originária de 1740 e localizada entre o caminho dos canos da Carioca e a pedreira da Glória. Em 1828 se começaram vender lotes pela demanda das pessoas da cidade, e em 1856 Joaquim Fonseca Guimarães & Cia. Compram a chácara com a intenção da venda de terrenos e abertura de ruas. Entre 1845 e 1849 é Paula Mattos quem vende seus terrenos.


Transporte por Bondes

O bondinho de Santa Teresa é o último remanescente de um tipo de transporte que já foi símbolo de progresso e eficiência nas grandes cidades. Entretanto, para o bairro o Bairro de Santa Teresa, a utilidade deste antigo meio de transporte não é meramente turísitca.


Antigo bonde de Santa Teresa em sua cor original, a verde - Foto: Luiz.D Rio

Embora existam muitas linhas de ônibus ligando o bairro, a linha de bonde que liga o bairro e o centro do Rio é ainda uma forma de transporte bastante utilizada pelos moradores do local, devido às estações estarem bem posicionadas no bairro e como também com relação ao seu ponto final no centro da cidade.


O caminho do Silvestre quando os trilhos ainda eram fixados em estrada de chão. Se a Estação Silvestre for reativada, como planejavam as autoridades, será possível embarcar na Estação Carioca e chegar até o Cristo Redentor, fazendo baldeação para o Trem do Corcovado no Silvestre.

A Companhia Ferro-Carril de Santa Teresa, cujos veículos são popularmente referidos como bonde de Santa Teresa, é uma empresa de transporte urbano de passageiros, que opera na cidade do Rio de Janeiro. Os seus veículos são o símbolo do bairro de Santa Teresa.

A empresa foi fundada em 1749, com a concessão para a exploração de uma linha entre a atual Praça Quinze de Novembro e o largo da Lapa até à avenida Gomes Freire esquina com a rua do Riachuelo. Deste ponto, cem réis, foi inaugurado em 1896, o ramal de Santa Teresa, que se estendia até ao largo dos Guimarães e à rua Almirante Alexandrino.



Quem passa pela Rua Almirante Alexandrino, em Santa Teresa, na altura do número 3.700, ainda avista um barranco ao lado da via, o que não se vê mais é o bondinho Silvestre que, na época, corria nos trilhos instalados em estrada de chão. E, hoje, não há nenhum vestígio de obra que sinalize, como prometeu o governo estadual, a volta do sistema em 2014.

Com a reativação do trecho até o Silvestre, fechado após o sucessivo roubo de cabos, o bondinho fará integração com o trem do Corcovado.
Foto: Central Logística

Em 1921, o sistema de bondes possuía cinco ramais em funcionamento operando com 15 veículos - três em cada linha - sendo os seguintes tempos de viagem dos percursos:

1 - Riachuelo x Paula Matos > 15 minutos
2 - Franla x Largo da Carioca > 23 minutos
3 - Largo da Carioca x Paula Matos > 23 minutos
4 - Lagoínha x Largo da Carioca > 36 minutos
5 - Silvestre x Largo da Carioca > 45 minutos




Contrução do trecho do Largo das Neves em 1940 - Foto: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro

A partir de 1968 permaneceram em operação, na cidade do Rio de Janeiro, apenas os bondes de Santa Teresa. Ao longo de sua existência, o seu sistema chegou a ter em operações mais de 35 veículos, alguns com reboque. Em 1975, de um total de 28 veículos, só se encontravam em efetivo funcionamento 18, com uma taxa de ocupação de 69%, uma das mais altas de sua história.


Bonde de Santa Teresa com destino à Estação Dois rmãos - Foto: Reprodução da internet

O sistema de bondes, à época de sua operação pela extinta Companhia de Transportes Coletivos (CTC), empresa do Estado do Rio de Janeiro, tinha uma frota operacional de apenas 10 veículos e operava com intervalos entre partidas da estação Carioca de 15 minutos.
O sistema transportava entre 25 e 30 mil passageiros por mês.


Bonde de Santa Teresa - Foto: O Rio de Antigamente

Em 1993, a CTC firmou um convênio com a CBTU, que chegou a recuperar 5 bondes, todavia pintando-os de verde-escuro, quando já estava determinada a mudança para o tom de amarelo. A medida não teve boa acolhida de modo que até o final da década de 90 todos os bondinhos retomaram o amarelo, mantendo-os até os dias de hoje.

Através do Decreto nº 21.846 de 18 de julho de 2001, a responsabilidade do Sistema de Bondes de Santa Teresa, foi transferida da CTC para a Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (CENTRAL), empresa estatal fluminense responsável pelo transporte de passageiros. O governo do Estado recuperou o ramal da rua Paula Matos, depois o de Dois Irmãos e, posteriormente, o do Silvestre, que estava paralisado desde 1966, em conseqüência de quedas de barreiras provocadas por fortes chuvas naquele ano.


Operação do sistema de bondes em 2009 - Foto: reprodução da internet

No ano de 2005, os bondes deixaram de circular por diversos meses, devido a uma greve dos seus técnicos e condutores. Em 2011, um turista francês morreu ao cair dos Arcos da Lapa. Ele seguia em pé no estribo quando se desequilibrou ao tentar bater uma foto e ficou preso na mureta, caindo então em um vão existente entre o carro e as grades da mureta. Em 27 de agosto do mesmo ano ocorre outro acidente, quando o bonde descarrilou e se chocou fortemente com um poste, matando 6 pessoas (incluindo o condutor) e deixando mais de 50 passageiros feridos.

Em Abril de 2015, começam testes para o funcionamento dos novos bondes visando sua reinauguração parcial ( trecho Castelo x Curvelo) prevista inicialmente para o carnaval do mesmo ano.


Bondinho de Santa Teresa volta a circular - Foto: Gazeta do Povo

Em janeiro de 2018 a apresentação do ticket de ingresso do Bonde de Santa Teresa, que era exigida apenas no Largo da Carioca, passou a ser necessária ao longo de todo o trajeto. Os moradores do bairro (previamente cadastrados) permanecem acessando gratuitamente o transporte. Para fazer jus ao benefício, eles devem apresentar a carteirinha no embarque, obtida na bilheteria da estação Carioca após cadastro exclusivo. A gratuidade também vale para estudantes da rede pública uniformizados e com o cartão escolar, pessoas acima de 65 anos e portadores do Vale Social.

O ticket garante as viagens de ida e volta e deverá ser utilizado apenas no dia em que for comprado. Aqueles que embarcarem durante o percurso e desejarem comprá-lo poderão efetuar o pagamento com cartão (crédito ou débito) aos agentes de operação, podendo ser adquirido também na estação Carioca do Bonde coma possibilidade de pagamento em dinheiro. 


A Pior Enchente que atingiu a cidade

Há 51 anos a cidade contabilizava os estragos de mais um início de verão com fortíssimos temporais, em 1966 no dia 2 de janeiro um violentíssimo temporal, matou quase 500 pessoas, com desabamentos e inundações em toda a cidade, houve desabamentos em várias favelas, e também em áreas de classe média, como os 3 prédios na região da General Glicério que foram abaixo levados pela torrente de lama e pedras que se desprendeu do morro D. Marta, em Santa teresa as linhas de bondes do Silvestre e Dois Irmãos foram seriamente danificadas e não mais circularam em carater comercial, perdurando até hoje.


Rrua Itapiru, tomada pelos monturos de lama e lixo, dias após as fortes chuvas - Foto: Reprodução da internet

Em 1967, depois da demonstração do colapso da cidade no ano anterior, o dia 20 de Janeiro, dia do padroeiro, o qual o feriado tinha sido mudado para outro dia, uma sequência de dias de fortíssimo temporal imobilizaram a cidade novamente, mais de 500 vítimas fatais foram feitas nesses temporais, que foram praticamente contínuos. Favelas inteiras desceram dos morros levadas por lama e lixo, o sistema de trasporte entrou em colapso, e os danos se espalharam por toda a cidade, do Centro ao Méier as ruas ficaram intransitáveis, os trêns pararam, em Santa Teresa as linhas de bonde foram seriamente danificadas e no Alto da Boa Vista os danos fizeram o sistema se extinguir de vez.



Os bairros no entorno do maciço da Tijuca foram os mais atingidos, em morros como o do Salgueiro foram mais de 70 mortos, na Rocinha uma pedra se desprendeu e promoveu uma avalanche de terra, lama, lixo e barracos, mais de 20 foram mortos. Mas as mortes não se limitaram nas fraldas da Tijuca, na ladeira dos Tabajaras um desabamento matou 40 pessoas e a força da água destruíu toda a pavimentação da parte alta da rua Santa Clara, os desmoranamentos atingiram também muitas casas que ficavam no lado impar da rua nos pés do morro dos Cabritos.


Avenida Francisco Bicalho: A foto histórica mostra o transbordamento do Canal do Mangue em 1966.
52 anos depois, o ponto continua na lista da prefeitura como uma área sujeita a inundações .
Foto: Acervo O Globo

Em pouco mais de um ano a chuva promoveu mais de 1000 mortes numa cidade talvez menos preparada, mas com muito mais cobertura vegetal e com suas encostas menos ocupadas do que hoje, curiosamente no bairro de classe média, onde os prédios desabaram, só hoje que os terrenos começam a ser ocupados e o local onde começou o deslizamento é ocupado por uma APA, que vem sofrendo devastação devido a expanção da favela D. Marta em direção a Laranjeiras. Já nas favelas onde o grosso morreu, fora políticas de remoções na época, que extinguiram com algumas, como, a da rua Macedo Sobrinho, que produziu muitas fatalidades, todas foram ocupadas de novo, e pelas bençãos do populismo político que desgraça essa cidade, aguardam novas tragédias como as de 1966 e 1967.


Patrimônio Tombado

n.º 1506- T- 03, (Processo n.º o tombamento do Sistema de Bondes de Santa Teresa, constituído pelo caminho do bonde, identificado basicamente pelo seu traçado, iniciado na estação junto ao Largo da Carioca, seguindo até o Largo dos Guimarães, onde se bifurca em direção ao Largo das Neves, no Paula Mattos e em direção ao ponto denominado Dois Irmãos, prolongando-se daí até o Silvestre, ambos os trechos incluídos, retornando, em seu traçado de volta, até a estação junto ao Largo da Carioca (conforme planta à fls. 76, vol I do processo administrativo nº e pelo veículo de nº 02, Município do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, em razão do seu elevado valor histórico e paisagístico, a ser inscrito no Livro de Tombo Histórico e no Livro de Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico.


Transporte por Ônibus

O início dos ônibus no bairro se deu com a estatal, após as chuvas de 1966. Nesta época, foi criado o serviço emergencial 206 Carioca x Silvestre.



Algum tempo depois, a linha 214 Praça XV x Santa Teresa via Paula Matos foi criada. Até hoje são as principais linhas do bairro, entre tantas outras que foram e voltaram.


Monobloco Mercedes-Benz O-321 da CTC-GB, na linha 206 Silvestre x Carioca - Foto: Acervo O Globo

A frota era encurtada, para conseguir passar pelas ruas estreitas de Santa Teresa. Carros como Gabriela II e Metropolitana eram usados nas linhas, posteriormente sendo complementados por micros Ciferal Mikron. No início dos anos 80 o bairro passa a contar com novas linhas, integradas à rede metroviária:



215 Glória x Central via Lgo. dos Guimarães
407 Lg. Machado x Silvestre
408 Dois Irmãos x Estácio
406 Rodoviária x Lg. Machado
213 Castelo x Lg. das Neves via Lapa




De forma geral foi uma relativa variedade de rotas para os moradores de Santa Teresa, abrangendo o Centro, suas redondezas e parte da Zona Sul.


 
Os anos 90 se iniciam com uma mudança radical. A CTC é temporariamente fechada, e as linhas do bairro vão para as mãos da iniciativa privada:



A Verdun fica responsável, em parceria com a Amigos Unidos, pelas linhas 206 e 214.

As linhas 213 e 408 alterada para Rodoviária x Silvestre ficam exclusivamente com a TAU, mas são rapidamente extintas, enquanto a 215 é extinta e a 406 posteriormente fica com a São Silvestre.



A frota das empresas variadas é bastante variada, sendo bem renovada com o tempo: Havia desde Torino LN e Amélia encurtado até Dinamus 1620 de 12 metros, efetivo da 206.





A partir de 1997 são usados os micros com o layout Santa Teresa (2 Carolina V na 407 e 6 Senior GV na 214), e no ano seguinte são introduzidos os micrões (12 na 206, 6 de cada empresa) e os micros refrigerados (Transurb e Amigos Unidos).




Em 2005 houve a última reviravolta em Santa Teresa: a Amigos Unidos sai do bairro. Com isto, a Transurb assume as partes da Amigos Unidos e a linha de integração 407A, que voltou a ser 407. A 206 Central, via Mem de Sá e Cruz Vermelha, data desta época também. A 406, após ser operada pelos carros mais velhos da São Silvestre e por alguns micros, é renovada com 13 Senior G6 em 2003.



Dois anos depois a São Silvestre entra para o Metrônibus (integração no Estácio e no Lg. Machado) e sua frota ganha pintura padronizada.




Nova Tragédia na história dos Bondes de Santa Teresa


Em 2011 um acidente com um dos bondes de Santa Teresa deixou cinco mortos. A composição teria ficado fora de controle e perdido o freio na ladeira da Rua Joaquim Murtinho, que dá acesso ao Largo do Curvelo. Ao todo 54 pessoas ficaram feridas e deram entrada nas emergências da rede pública.


Bonde que descarilou e tombou em Santa Teresa - Foto: Tasso Marcelo

A capacidade máxima do bonde era de 32 passageiros, mas o número de feridos levava a crer que muito mais gente viajava na composição acidentada. 

A violência do choque deixou a composição desfigurada, com a parte de cima arrancada. No local, uma curva em declive à esquerda, o bonde tombou, derrubou um poste da rede elétrica e arrancou parte de uma rampa de concreto.


Novo Serviço Emergencial

Em deccorência do acidente, em 2011 através do Decreto Nº 34.583, surge uma nova padronização e a criação de dois serviços eventuais de transporte coletivo circulares, operados por miniônibus, com capacidade para 35 passageiros, para atender a demanda de ônibus do sistema de Bondes de Santa Teresa.




Os dois serviços - SE014 Paula Matos x Castelo e o SE06 Silvestre x Castelo passaram a operar com dois veículos por cada linha e a tarifa de R$0,60 (sessenta centavos), paga somente em espécie.



Os novos serviços, que estão vinculados as linhas com o mesmo número e vista já existentes operadas pelo consórcio Intersul de Transportes operaram como circulares durante o período de recuperação do sistema de bondes e trilhos do bairro.


Rua Almirante Alexandrino durante as obras de recuperação da via férrea do sistema de bondes - Foto: Júlio César Guimarães/UOL




Mudança de itinerários das linhas de Santa Teresa

A partir de novembro de 2013, os ônibus que sobem as ladeiras de Santa Teresa receberam novos itinerários devido às obras de reestruturação dos bondes. Como a Rua Joaquim Murtinho foi completamente interditada, as linhas 006, 007, 014, SE006 e SE014, e o serviço noturno 006 (SN006 das 23h às 5h) fazem novo trajeto de subida e descida.

Para subir, os ônibus passam pelas Ruas Mem de Sá, Washington Luís, Carlos Sampaio, Tadeu Kosciusko, Riachuelo e Rua Monte Alegre.



Na descida, as linhas para o Centro seguem pelos Largos do Guimarães e do Curvelo, e seguir pelas Ruas Dias de Barros, Hermenegildo de Barros, Cândido Mendes, Glória, Augusto Severo, Teixeira de Freitas, Mem de Sá e Lavradio.





Trajetos com maior área de atendimento

Ao longo da Rua Monte Alegre, cinco novos pontos de embarque e desembarque foram instalados para atender as linhas 06, SN06, SE06, 07, 014, SE014. As Ruas Dias de Barros, Hermenegildo de Barros e Cândido Mendes também ganharam seis pontos de parada, além dos pontos já existentes na Av. Mem de Sá, entre a Rua do Lavradio e Rua Washington Luiz, Rua Tadeu Kosciusko, Av. Augusto Severo, entre o retorno da Glória até a Rua Teixeira de Freitas, e a Rua Teixeira de Freitas que recebeem esses ônibus.

No Largo do Guimarães e no Largo do Curvelo, as linhas 06, SE06, SN006 e 007 atendem no os sentidos > Castelo > Central e Silvestre no mesmo ponto, o que exigirá atenção ao destino escrito em cada veículo no momento do embarque. Já as linhas 014 e SE014 atendem somente o sentido Centro.

Na época, o Consórcio responsável pelas obras do Bonde fixou placas nos novos pontos de ônibus e, sua equipe distribuiu folhetos para auxiliar os passageiros nos Largos do Curvelo e dos Guimarães, e informar sobre as mudanças ocorridas em decorrência das interdições.
Bonde de Santa Teresa - Foto: Viaje com Charme


Museu do Bonde


Localizado em uma discreta ladeira, perto do Largo do Guimarães, é uma preciosidade que merece ser visitada por quem se interessa pela história deste nostálgico meio de transportes. Entre a metade do século 19 até o final dos anos da década de 1950, o bonde fez parte durante da vida dos cariocas e também de habitantes de outras cidades do Brasil e do mundo.


Museu do Bonde - Foto: Eu Quero Viajar

O museu fica nas dependências da garagem e oficina de manutenção dos bondes de Santa Teresa, ultimo bairro do Rio de Janeiro, que teve uma linha de bonde preservada e funcionando ativamente. Esta linha é utilizada tanto no transporte de passageiros do bairro no dia a dia, como também atrai muitos turistas ansiosos por experimentar aquele meio de transporte com caracteristicas tão singulares.


Após um curta e rápida caminhada, vindo do Largo do Guimarães, e atravessar o discreto portão de entrada da garagem dos bondes, vê-se uma pequena rampa que leva à um antigo e bem preservado galpão, com aparência externa de uma casa da primeira metade do século 20. Enquanto sobe-se a rampa, pode-se também observar o centro do Rio de Janeiro visto do alto de Santa Teresa. E após subir rampa de suave inclinação, chega-se á porta do Museu, onde de imediato encontra-se exposto um antigo bonde preservado. Se trata de um dos primeiros bondes utilizados, ainda puxados por tração animal.

Na verdade os primeiros bondes, para quem não sabe, eram puxados por burros. O Museu do bonde possui um interessante acervo acerca da história dos bondes e transportes ferroviários urbanos. A exposição conta com painéis com fotos e textos explicativos, maquetes de antigas composições de diferentes épocas e para diferentes fins, como bonde para transporte de carga e uma interessante maquete com um bonde sem teto, com guindaste acoplado, para transporte de carga e manutenção.

O sistema de transporte Ferrocarril ou por Bondes, passou por diferentes épocas, e isto pode ser notado através a aparência dos bondes, seja em fotos, seja através das maquetes ou através dos veículos preservados. Os veículos tinham a função de transporte de passeiros, mas existiam bondes especiais, para transporte de carga, bondes de manutenção e socorro com guindaste, e existiram até bondes "pronto-socorro" para atendimento e remoção de pacientes tipo ambulância. No interior do museu existem inúmeras maquetes ou miniaturas de bondes de diferentes épocas e para diferentes tipos de usos.

Através da grande maioria das maquetes, pode-se notar que a cor dos bondes nem sempre foi amarela. Em tempos mais remotos era de cor verde escura. Na foto do lado direito, vemos três maquetes de bondes. A maquete de bonde vista no centro da foto, é um bonde que parece bastante antigo, e o que é visto mais atrás, parece ser um bonde fabricado posteriormente, talvez mais utilizado nos últimos anos da primeira metade do século 20. Na minuatura vista no canto direito da foto, aparece um bonde sem teto, onde atrás do compartimento do cabineiro, existe um espaço aberto semelhante à carroceria de um caminhão de carga. Observe que neste espaço, existe um guindaste. Este era um tipo de bonde usado para manutenção e socorro.


Novos Bondes para o Sistema Santa Teresa

Em 2012 o governo estadual lançou a licitação para a construção do primeiro carro do novo sistema de bondes de Santa Teresa. No total, 14 operam no bairro e cada veículo custou cerca de 3 milhões de reais.



Novos bondes do sistema de Santa Teresa - Foto: Jornal O Dia

Com investimento total de 110 milhões de reais, a reforma do sistema teve consultoria da empresa portuguesa Carris, que opera os bondes de Lisboa.


O novo bonde mantém a mesma aparência do antigo, mas sofrerá mudanças para aumentar a segurança. E os usuários não poderão mais utilizar o estribo para viajar do lado de fora
Também haverá espaço para menos pessoas. Se no antigo cabiam 80, agora o máximo permitido é de 24 pessoas. No corredor, que terá 70 centímetros de largura, vai ser proibido viajar em pé

O pagamento para ingressar no carro será feito através de sistema eletrônico. Cada bonde vai transmitir dados em tempo real para a Central de Controle, instalada na estação carioca, e será monitorado via satélite.


O Aqueduto da Lapa


Os primeiros estudos para trazer as águas do Rio Carioca para a cidade remontam a 1602, por determinação do então governador da Capitania do Rio de Janeiro, Martim Correia de Sá. Em 1624, um contrato para a construção do primitivo conduto foi firmado com Domingos da Rocha, que não chegou a iniciar os trabalhos. Em 1660, apenas 600 braças de canos estavam assentadas, tendo as obras recebido impulso em 1706, sob o governo de dom Fernando Martins Mascarenhas Lancastro.



Arcos da Lapa - Foto: Cultura Mix


Em 1718, sob o governo de Antônio de Brito Freire de Menezes, iniciaram-se as obras de instalação dos canos de água através da antiga Rua dos Barbonos (atual Rua Evaristo da Veiga). Sob o governo de Aires de Saldanha e Albuquerque Coutinho Matos e Noronha, em 1720, o encanamento alcançava o Campo da Ajuda (atual Cinelândia), ainda nos arrabaldes da cidade à época.


Convemto de Santo Antônio - Foto: Diário do Rio
Foi este governador quem, alterando o projeto original, defendeu a vantagem de se prolongar a obra até ao Campo de Santo Antônio (atual Largo da Carioca), optando pelos chamados Arcos Velhos – um aqueduto ligando o morro do Desterro (atual morro de Santa Teresa) ao morro de Santo Antônio, inspirado no Aqueduto das Águas Livres, que então começava a se erguer em Lisboa.



A obra estava concluída em 1723, levando as águas à Fonte da Carioca, chafariz erguido também nesse ano, que as distribuía à população no referido Campo de Santo Antônio. A solução foi paliativa, uma vez que já em 1727 se registram reclamações de falta de água, atribuindo-se à ação de quilombolas (escravos fugitivos, que viviam ocultos nas matas) a responsabilidade pela quebra dos canos. Mais tarde, o governo pediu contas ao encarregado pela conservação da obra o qual, furtando-se ao seu dever, evadiu-se. Foram estabelecidas, ainda, penas para os atos de vandalismo contra a obra.



O governador Gomes Freire de Andrade determinou, em 1744, a reconstrução do Aqueduto da Carioca com pedra do país, diante do elevado custo da cantaria vinda do reino. Com risco atribuído ao brigadeiro José Fernandes Pinto Alpoim, recebeu a atual conformação, em arcaria de pedra e cal. A Carta Régia de 2 de maio de 1747 determinou que as águas fossem cobertas por abóbada de tijolos, para evitar o seu desvio mal-intencionado.


Chafariz do Largo da Carioca

Inaugurado em 1750, as águas brotaram aos pés do Convento de Santo Antônio, em um chafariz de mármore, através de 16 bicas de bronze. Mais tarde essa água foi estendida, através da Rua do Cano (atual Rua Sete de Setembro), até ao Largo do Paço (atual Praça XV de Novembro), onde os navios vinham abastecer-se.




Na segunda metade do século XIX, durante o Império e, posteriormente, diante do advento da República, novas alternativas para o abastecimento de água aos moradores da cidade do Rio de Janeiro foram sendo utilizadas.


O aqueduto, a partir de 1896, passou a ser utilizado como viaduto para os novos bondes de ferro da Companhia de Carris Urbanos, principal meio de acesso do centro aos altos do bairro de Santa Teresa, até os dias de hoje.


Panorama do Aqueduto da Carioca a partir do Largo da Lapa - Foto: Reprodução da internet

Bondes na Estação Largo da Carioca - Foto: Jornal O Dia


Referências Bibliográficas



Jornal Folha Cultural, ZH Notícias, Gazeta do Povo, Jornal do Brasil, Rio Ônibus, O Globo, Rio de Janeiro Aqui, Classical Buses, Eu Quero Viajar, Chopp Duplo, Allen Morrison, Secretaria Municipal de Transportes, Foi um Rio que Passou, O Rio de Antigamente, Eliomar Coelho, Jornal O Dia, Rio de Janeiro - Vila Isabel, UOL Notícias, Cultura Mix, Diário do Rio, Dicas de Uma Carioca, Saudades do Rio, Veja Rio, Alberto de Sampaio, Luiz.D Rio, Monumentos do Rio, Instituto Estadual do Patrimônio Cultural, Anuário Estatístico Municipal.
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